Nas imagens das câmeras de monitoramento da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) é possível ver o exato momento em que o clarão toma conta do céu, às 22h19 da noite da quarta-feira. As imagens mostram a Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais vias do Recife, na área central da cidade O vídeo mostra o fenômeno duas vezes, sendo a segunda em câmera lenta.
De acordo com o coordenador do Observatório Alto da Sé, Alexandre Evangelista, a queda do bólido foi visível no Grande Recife e em outras localidades do estado. "Não temos registros porque foi tarde e em dia de semana. Chamamos de bólido quando [o objeto] pode ser proveniente de um meteoro ou lixo espacial. Para ter a confirmação é preciso fazer um estudo das imagens, checar se ficaram vestígios sólidos no solo", afirma. Também chamado de bola de fogo, o fenômeno foi visto pela última vez pelo Observatório em 2012. "Caiu próximo da praia de Maragogi, em alto mar. Foi visível no sul da Paraíba, Pernambuco e até Alagoas", lembra Evangelista.
Entenda os termos utilizados pelos astrônomos | |
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Meteoroide | Qualquer corpo sólido oriundo do espaço, que pesa em torno de miligramas até alguns quilos e que pode variar do tamanho de uma ervilha ao de uma bola de futebol. Com isso, ao penetrar na atmosfera, o aquecimento devido ao atrito com os gases produz a luminosidade que chamamos de meteoro. Se por acaso esse corpo conseguir sobreviver à vaporização e tocar o solo, chamamos a pedra final de meteorito. |
Bólido | A vaporização dos meteoroides na atmosfera produz um rastro luminoso de curta duração e um rastro ionizado de longa duração. Alguns desses corpos têm tamanhos maiores o suficiente para produzirem um rastro com aspecto de uma bola de fogo, conhecidos como fireball (bola de fogo) ou bólidos. Geralmente os bólidos chegam a explodir e são acompanhados por grandes estrondos, parecidos com trovões, e de um grande clarão azul, como o que foi visto no Nordeste. Os relatos vieram do Agreste ao Litoral pernambucano e também de outros lugares, como Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte. É um evento natural e que ocorre a uma altura de aproximadamente 60 quilômetros acima do solo, na alta atmosfera. |
Chuva de meteoros orionídea | No mês de outubro acontece a Chuva de Meteoros Orionídea, que parece vir da constelação de Órion, onde estão as populares “Três Marias”. Essa chuva tem início próximo ao dia 14 e se estende até o dia 29. O seu máximo acontece nas noites dos dias 20 e 21 de outubro. Provavelmente o bólido que foi visto na noite da quarta está relacionado a essa chuva. |
Fonte: Sociedade Astronômica do Recife (SAR) |
Alguns podem atingir o tamanho de um carro, mas o bólido que caiu na quarta-feira deve ter um tamanho pequeno, segundo Faustino. “A gente não sabe se ele chegou a cair no solo ou se veio fragmentado, se desintegrou. Não é comum cair em zonas urbanas, temos pouquíssimos relatos de terem caído em cima de casas ou pessoas. É provável que esse, se tiver caído, tenha sido no mar”, aponta o astrônomo.
Ainda de acordo com Everaldo Faustino, não é comum a queda de um bólido, principalmente com o brilho do que foi registrado. “Pesquisadores já tinham visto a data específica que iria ter uma chuva de meteoros, a chamada orionídeo”, afirma. Ele explica que o radiante – ponto onde os meteoros “nascem” – dos orionídeos é a constelação de Orion, à qual a chuva faz referência. “Existem várias chuvas de meteoros durante o ano, mas tem algumas que são excepcionais, como o orionídeo. A gente não esperava que caíssem com essa intensidade de brilho”, conclui o astrônomo.
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