FOTO: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM |
Certamente o maior desafio para a Saúde no Plano de Convivência com a Covid-19, a retomada das aulas presenciais ainda não tem uma data definida para acontecer em Pernambuco, mas a previsão do governo do Estado é anunciar, na próxima semana, o calendário para a Educação, segundo informou o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em coletiva de imprensa esta semana. Enquanto não há decisão, o debate se faz com duas visões: uma que defende o retorno às escolas e outra que alerta para riscos nessa retomada, num momento em que a epidemia de covid-19, mesmo estabilizada, ainda não deu trégua.
Preocupados com esse cenário, pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz alerta que a volta às aulas pode representar um perigo para cerca de 9,3 milhões de brasileiros (4,4% da população total) idosos ou adultos com doenças preexistentes (diabetes, problemas no coração ou no pulmão) que são do grupo de risco da covid-19. O risco foi estimado pelo fato desse grupo morar no mesmo lar que o público em idade escolar.
A partir do estudo Populações em risco e a volta as aulas: Fim do isolamento social, os pesquisadores informam que Pernambuco é o segundo Estado brasileiro com maior proporção de adultos com fatores de risco para a infecção e idosos que vivem com crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Em primeiro lugar, vem o Rio Grande do Norte, com 6,1% de idosos e adultos com comorbidades que vivem com o público em idade escolar. Já Pernambuco tem pouco mais de 5,5% e outros dez Estados também apresentam valores superiores à média nacional, de 4,4%. De acordo com a análise do grupo da Fiocruz, o retorno da atividade nas escolas coloca os estudantes em potenciais situações de contágio.
São Paulo é o Estado com maior número absoluto de idosos ou adultos (com 18 anos ou mais) com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco de covid-19. São cerca de 2,1 milhões de pessoas nessa condição com crianças em casa, seguido por Minas Gerais (1 milhão), Rio de Janeiro (600 mil), Bahia (570 mil) e Pernambuco (546 mil).
O levantamento considera que, mesmo que as instituições adotem medidas de segurança e que elas sejam cumpridas à risca, o transporte público e a falta de controle sobre o comportamento de adolescentes e crianças que andam sozinhos fora de casa representam potenciais situações de infecção pelo novo coronavírus para esses estudantes. E se adoecem, eles podem levar o vírus para casa e transmitir a quem vive com eles.
"É provável que as pessoas que se mantêm em isolamento social são, em maioria, as que fazem parte dos grupos de risco. Elas não foram expostas ao vírus, mas uma grande parcela delas terá que conviver com ele, em suas residências, por causa da volta às aulas", escrevem os pesquisadores no estudo.
O epidemiologista da Fiocruz Diego Xavier, que participou do estudo, chama a atenção para uma estimativa trazida pela análise. "Se apenas 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar (no Brasil) vierem a precisar de cuidados intensivos, isso representará cerca de 900 mil pessoas na fila das UTIs (unidades de terapia intensiva). Além disso, se aplicarmos a taxa de letalidade brasileira nesse cenário, estaremos falando de algo como 35 mil novos óbitos, somente entre esses grupos de risco", destaca.Do JC
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