O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quinta-feira (27), que uma dose de reforço anual de vacinas contra o novo coronavírus será necessária, sobretudo diante do surgimento de novas variantes.
A senadora Simone Tebet (MDB/MS) questionou o diretor do Butantan sobre haver a recomendação de uma terceira dose da CoronaVac, principalmente nos casos em que a pessoa tomou uma segunda dose em atraso. Dimas Covas respondeu: "Eu não tenho chamado de terceira dose, mas de dose de reforço. Isso será necessário neste momento para todas as vacinas, não só em relação à própria duração da imunidade, na minha opinião, é claro, como também em relação às variantes".
Covas ressaltou, ainda, a importância de completar o esquema vacinal, mesmo que a segunda dose venha com atrasos. "Vinte e oito dias é o período ideal de vacinação, mas a vacinação posterior não invalida o esquema vacinal. Então, se a pessoa tomar a vacina com 30 dias, com 40 dias, com 50 dias, com 60 dias, ela não perde o esquema vacinal. Ela simplesmente vai demorar mais para ser plenamente protegida".
O senador Eduardo Girão (Podemos/CE) questionou a eficácia da CoronaVac, trazendo o exemplo do ex-presidente José Sarney, que tomou as duas doses, mas "não produziu anticorpos". "Iguais ao caso do ex-presidente Sarney, muitos casos estão chegando", afirmou Girão, perguntando, em seguida, o motivo disso estar "acontecendo muito". A fala de Girão foi indiretamente criticada por outros senadores, que sustentaram que afirmações como essa são "um desserviço", como afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE).
Com uma justificativa técnica, Dimas Covas afirmou que o índice de produção de anticorpos em pessoas idosas, como é o caso de Sarney (de 91 anos), é de 98%. "Portanto, não é 100% a indução". A explicação é a existência de um fenômeno biológico que se chama imunossenescência. "Os idosos, às vezes, respondem menos na produção de anticorpos em relação aos indivíduos mais jovens. E por isso que não é 100% de soroconversão".
Outro ponto destacado é que nem a CoronaVac nem qualquer outro imunizante contra a Covid-19 tem demonstrado proteção contra a infecção. "Ela protege contra as manifestações clínicas, principalmente as manifestações clínicas mais graves". Diário de PE
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