A capacidade de
geração do sistema elétrico do Nordeste brasileiro se aproxima do
limite. Na virada de sexta-feira para sábado, o Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) decidiu acionar a carga máxima de energia a
partir de usinas térmicas na região, que funcionam com óleo diesel, para
preservar um volume de água nos reservatórios acima do nível crítico.
No domingo, a folga dos reservatórios em relação ao patamar crítico era
de apenas 5,8%. A decisão foi elevar o teto para além dos 3 mil
megawatts (MW) médios, mas, ainda assim, o nível dos reservatórios
continuou a cair. Isso porque parte das termelétricas previstas para
entrar em operação não funcionou por falta de combustível ou por
necessidades de manutenção. A maioria delas não era acionada desde 2008.
Depois de ter autorizado o acionamento de 2.100 MW médios de termelétricas a óleo emergenciais no dia 18, para manter o nível seguro dos reservatórios, o ONS indicou o acionamento total dos 3.589 MW médios disponíveis no país. No domingo, porém, segundo o ONS, 2.860 MW médios foram usados, ou 80% do total. Pelo menos três térmicas que deveriam ter entrado em operação não foram capazes sequer de acender uma lâmpada no domingo e outras ficaram muito aquém de gerar o que estava programado.
O acionamento total das térmicas vai aparecer com mais tempo, porque a inércia do sistema é muito grande, segundo a assessoria de imprensa do ONS. “Até reverter esse sistema de queda (dos reservatórios), leva um tempo”, explicou o ONS.
No domingo, continuava a cair o nível dos reservatórios no Nordeste, onde a situação é mais crítica e onde houve apagão na semana passada.
Segundo afirmou ontem o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o sistema de proteção da linha de transmissão Colinas-Imperatriz não funcionou, e, por isso, o apagão da semana passada se propagou por área tão extensa do país. A Taesa, no entanto, afirmou que ainda investiga se uma descarga elétrica natural teria atingido uma linha de transmissão.
No Sudeste e no Centro-Oeste, o nível dos reservatórios também continua a recuar, com folga de apenas 9,7% em relação ao patamar crítico.
Grandes consumidores de energia elétrica avaliam que, se o governo houvesse avançado na regulamentação proposta em 2010 — que abre espaço para a negociação no mercado livre das sobras de energia —, as indústrias poderiam vender seus excedentes e aliviar o sistema nas condições atuais. Essa possibilidade poderia resultar em redução de custos para o país, já que os consumidores pagam mais pela energia das usinas térmicas, que têm sido acionadas para suprir a demanda.
Em 2010, o Ministério de Minas e Energia colocou em audiência pública uma portaria com essa possibilidade de renegociação. Na prática, os grandes consumidores com contratos de longo prazo poderiam funcionar como geradores e revender parte da energia contratada.
Com o valor recorde da energia no mercado hoje, de R$ 364,61 por megawatt-hora (MWh), poderia ser até mais interessante para certas empresas revendê-la do que consumir, o que minimizaria a necessidade de acionamento de usinas térmicas com custo de até mais de R$ 1 mil por MWh.
"Com essa possibilidade, uma indústria de cloro-soda (de consumo intensivo de energia) poderia parar de produzir por 15 ou 20 dias, de forma voluntária, aliviando o sistema", disse Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace).
Especulação com excedente
Havia a expectativa no mercado de que essa regra viesse com o pacote de medidas para reduzir o preço da tarifa de energia, em setembro, o que não ocorreu. Na ocasião, o ministro Márcio Zimmermann disse que o governo ainda não tinha uma posição definida sobre o tema, o que poderia ocorrer em breve. O governo teme que indústrias comecem a atuar como especuladores com a energia, se aberta a possibilidade de renegociarem essas sobras que não consomem.
"Essa norma traria mais eficiência econômica ao sistema de energia elétrica, porque, ao revender excedentes, as grandes empresas podem segurar o preço e impedir que todos os consumidores paguem mais pela energia", disse Pedrosa.
A alta do preço da energia no mercado deverá reduzir em parte o desconto médio de 20,2% que o governo prometeu para fevereiro, com a renovação das concessões antigas e os cortes de tributos, porque as tarifas são calculadas a partir do custo das empresas do setor elétrico, que acompanham o valor do MWh corrente.DIÁRIO DE PE
Depois de ter autorizado o acionamento de 2.100 MW médios de termelétricas a óleo emergenciais no dia 18, para manter o nível seguro dos reservatórios, o ONS indicou o acionamento total dos 3.589 MW médios disponíveis no país. No domingo, porém, segundo o ONS, 2.860 MW médios foram usados, ou 80% do total. Pelo menos três térmicas que deveriam ter entrado em operação não foram capazes sequer de acender uma lâmpada no domingo e outras ficaram muito aquém de gerar o que estava programado.
O acionamento total das térmicas vai aparecer com mais tempo, porque a inércia do sistema é muito grande, segundo a assessoria de imprensa do ONS. “Até reverter esse sistema de queda (dos reservatórios), leva um tempo”, explicou o ONS.
No domingo, continuava a cair o nível dos reservatórios no Nordeste, onde a situação é mais crítica e onde houve apagão na semana passada.
Segundo afirmou ontem o ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o sistema de proteção da linha de transmissão Colinas-Imperatriz não funcionou, e, por isso, o apagão da semana passada se propagou por área tão extensa do país. A Taesa, no entanto, afirmou que ainda investiga se uma descarga elétrica natural teria atingido uma linha de transmissão.
No Sudeste e no Centro-Oeste, o nível dos reservatórios também continua a recuar, com folga de apenas 9,7% em relação ao patamar crítico.
Grandes consumidores de energia elétrica avaliam que, se o governo houvesse avançado na regulamentação proposta em 2010 — que abre espaço para a negociação no mercado livre das sobras de energia —, as indústrias poderiam vender seus excedentes e aliviar o sistema nas condições atuais. Essa possibilidade poderia resultar em redução de custos para o país, já que os consumidores pagam mais pela energia das usinas térmicas, que têm sido acionadas para suprir a demanda.
Em 2010, o Ministério de Minas e Energia colocou em audiência pública uma portaria com essa possibilidade de renegociação. Na prática, os grandes consumidores com contratos de longo prazo poderiam funcionar como geradores e revender parte da energia contratada.
Com o valor recorde da energia no mercado hoje, de R$ 364,61 por megawatt-hora (MWh), poderia ser até mais interessante para certas empresas revendê-la do que consumir, o que minimizaria a necessidade de acionamento de usinas térmicas com custo de até mais de R$ 1 mil por MWh.
"Com essa possibilidade, uma indústria de cloro-soda (de consumo intensivo de energia) poderia parar de produzir por 15 ou 20 dias, de forma voluntária, aliviando o sistema", disse Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace).
Especulação com excedente
Havia a expectativa no mercado de que essa regra viesse com o pacote de medidas para reduzir o preço da tarifa de energia, em setembro, o que não ocorreu. Na ocasião, o ministro Márcio Zimmermann disse que o governo ainda não tinha uma posição definida sobre o tema, o que poderia ocorrer em breve. O governo teme que indústrias comecem a atuar como especuladores com a energia, se aberta a possibilidade de renegociarem essas sobras que não consomem.
"Essa norma traria mais eficiência econômica ao sistema de energia elétrica, porque, ao revender excedentes, as grandes empresas podem segurar o preço e impedir que todos os consumidores paguem mais pela energia", disse Pedrosa.
A alta do preço da energia no mercado deverá reduzir em parte o desconto médio de 20,2% que o governo prometeu para fevereiro, com a renovação das concessões antigas e os cortes de tributos, porque as tarifas são calculadas a partir do custo das empresas do setor elétrico, que acompanham o valor do MWh corrente.DIÁRIO DE PE
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