A Justiça expediu, em Pernambuco e na Paraíba, um mandado de busca e
apreensão para tentar devolver a uma mãe os seus dois filhos, de 6 e 5
anos. A dona de casa Juliana Accyoli, 34 anos, entregou os meninos ao
pai, de quem é separada há cinco anos, no dia 10 de novembro. Desde
então, conta que não recebeu nenhuma ligação ou informação sobre o
paradeiro das crianças.
O juiz João Targino, da 9ª Vara de Família do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), contou em entrevista ao G1
nesta sexta (23) que, desde a separação, o pai tinha direito de ficar
com os filhos em finais de semana alternados, buscando-os em um dia e os
devolvendo até o início da noite do dia seguinte. Como a determinação
foi descumprida, o magistrado recebeu a petição inicial da medida
cautelar de busca e apreensão de pessoas e, em 24 horas, determinou a
emissão do mandado de busca e apreensão.
“Como era um caso de urgência, peguei a petição, despachei na hora,
passei para a promotora, que pediu para eu designar uma audiência de
justificação prévia, que é quando não há elementos suficientes. No caso,
não havia o local onde o mandado deveria ser cumprido. Mas, no outro
dia, fiz uma apreciação rápida. Na audiência, ouvi a mãe, duas
testemunhas que conhecem os fatos e decidi”, comentou o juiz sobre a
expedição do mandado.
A primeira busca aconteceu na casa dos avós paternos das crianças, no
bairro de Setúbal, Zona Sul do Recife. Nada foi encontrado. Como o pai
das crianças mora em João Pessoa, na Paraíba, o TJPE enviou o mandado
para a Justiça daquele estado realizar as buscas. No apartamento dele,
na capital paraibana, também não foi encontrada nenhuma pista.
“Ele não costumava aparecer muito para ver os meninos, demorava meses.
Quando saía com ele, o meu filho mais velho sempre ligava para mim,
dizendo que estava com sono, que queria dormir, voltar para casa. Nesse
dia, não recebi ligação nenhuma, não consegui contato. Senti que algo de
errado estava acontecendo”, relatou Juliana Accyoli em entrevista ao G1, nesta sexta-feira (23).
Juliana contou ainda que procurou a Delegacia de Boa Viagem e a
Gerência de Proteção à Criança e Adolescente (GPCA), onde foram
registrados Boletins de Ocorrência (BOs). “O problema é que, dessa
forma, são meus filhos que aparecem como desaparecidos. A questão é que,
se ele for comprar algo no supermercado, por exemplo, ele não vai levar
meus filhos. Ele é que tem que ser o foragido. As pessoas têm que
identificá-lo”, comentou.
De acordo com a Polícia Civil, o caso ainda não pode ser considerado um
rapto ou sequestro, porque ele é o pai. A situação por enquanto é de
descumprimento de uma ordem judicial a respeito da guarda das crianças. O
advogado de Juliana Accyoli, Rivaldo Magalhães, informou que a família
segue tentando identificar possíveis locais onde o pai pode estar com a
criança.
HistóriaJuliana e o pai das crianças namoravam
desde a adolescência. O casal nunca oficializou o relacionamento, mas
moraram juntos e tiveram os dois meninos. Após o nascimento do filho
mais novo, há 5 anos, resolveram se separar. Juliana conta que o
comportamento do companheiro sempre foi “paranoico”. “Para ele, só ele
era capaz de cuidar das crianças. Me proibia de trabalhar, com medo que
alguém fizesse algum mal às crianças. Tinha até mania de usar sempre
álcool em gel”, comentou.
O medo da mãe agora é que, com o passar do tempo, o ex-marido consiga
se esconder mais ainda. Há cerca de um mês os pais dele também não
conseguem contato com o filho, de acordo com Juliana G1 Pernambuco
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