Da AE

Foto: Gabriel Bouys/AFP
O papa Francisco disse nesta
terça-feira (27) que as regras do celibato clerical podem mudar e
admitiu a possibilidade de a Igreja ter novos papas eméritos, a exemplo
de Bento XVI, que renunciou ao trono de Pedro em 2013. A declaração foi
dada a jornalistas durante o voo de retorno a Roma depois da visita à
Terra Santa.
"Eu farei o que o Senhor me disser para
fazer: orar e buscar a vontade de Deus. Creio que Bento XVI não seja um
caso único. Haverá outros ou não? Só Deus sabe, mas essa porta está
aberta", afirmou o papa ao ser questionado se tomaria a mesma decisão
que seu antecessor caso sentisse um dia não ter mais forças para exercer
o papado.
"Há 70 anos não havia bispos eméritos. O
que ocorrerá com os papas eméritos? Creio que devemos ver Bento XVI
como a uma instituição que abriu uma porta: a dos papas eméritos", disse
Francisco após a visita de três dias pelo Oriente Médio com uma agenda
repleta de encontros e riscos à segurança. "Creio que o papa que sente
que suas forças diminuem deve se fazer as mesmas perguntas que se fez o
papa Bento XVI."
Durante a viagem, Francisco se encontrou
com o patriarca ortodoxo grego de Constantinopla, Bartolomeu I, na
Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Durante a entrevista,
Francisco foi questionado sobre o que se podia aprender com os
ortodoxos, "por exemplo, sobre o celibato". Francisco lembrou que a
Igreja Católica tem padres casados. "Existem no rito oriental. O
celibato não é um dogma de fé, é uma regra de vida que eu aprecio muito e
creio que seja um dom para a Igreja."
Em seguida, o papa deixou claro que
mudanças podem ocorrer na regra do celibato: "Não sendo um dogma de fé,
sempre está a porta aberta."
UNIDADE - Em seguida, o papa disse que
não tratou do celibato com o patriarca ortodoxo. O papa Bergoglio
revelou que o tema da conversa com o líder cristão oriental foi a
unidade entre as duas igrejas, o que, segundo Francisco, não se constrói
em um congresso de teologia.
Para caminhar em direção a essa unidade,
Francisco citou a necessidade de resolver "o problema da data da
Páscoa", pois muitos ortodoxos vão à Igrejas católicas e vice-versa.
"Conversamos sobre o concílio pan-ortodoxo para que se faça algo sobre a
data da Páscoa. Porque há uma situação um pouco ridícula: Quando
ressuscitou teu Cristo? O meu na semana que vêm. E o meu, em vez disso,
na semana passada. A data da Páscoa é um símbolo de unidade."
Por fim, ao ser perguntado sobre as
expectativas que seu papado despertava, como mudanças na exclusão da
comunhão dos divorciados que decidem se casar novamente, o papa lembrou
que o Sínodo de outubro próximo será "sobre a família, seus problemas,
suas riquezas e a situação atual".
"Não me tem agradado que muitas pessoas,
até dentro da Igreja, tenham dito: "o Sínodo servirá para dar a
comunhão aos divorciados que votaram a se casar, como se tudo se
reduzisse à casuística: se poderá ou não dar a comunhão? Sabemos que a
família hoje está em crise e essa é uma crise mundial. Os jovens não
querem casar. É preciso estudar os procedimentos de nulidade
matrimonial, estudar a fé com que uma pessoa se aproxima do matrimônio. É
preciso, no entanto, esclarecer que os divorciados não estão
excomungados... E muitas vezes eles são tratados como se estivessem."JC
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