![Crânio do animal foi reconstituído a partir dos ossos encontrados. (Foto: Anna Tiago / G1 PE) Crânio do animal foi reconstituído a partir dos ossos encontrados. (Foto: Anna Tiago / G1 PE)](http://s2.glbimg.com/p69TCmOlAMXuAB3GzMnv6CBv2lA=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2014/10/02/ptero2.jpg)
O crânio do animal foi encontrado quase completo por trabalhadores que faziam o roçado na plantação de milho no Sítio São Gonçalo. O fóssil do Maaradactylus kellneri, como foi denominado, foi o único trabalhado por uma equipe de pesquisadores exclusiva do Nordeste. De acordo com os pesquisadores, a espécie viveu há 111 milhões de anos na Era Mesozóica, no período Cretáceo, na região da Bacia Sedimentar do Araripe, no Sul do Ceará, um dos cinco mais importantes depósitos de pterossauros do mundo, onde já foram encontradas 23 outras espécies, desde a década de 1970.
Após o trabalho de retirada da rocha que estava envolvendo o fóssil para expor todas as estruturas anatômicas, foi realizada uma comparação com outras espécies já conhecidas. “Comparamos com todos os pterossauros que são conhecidos no mundo. Foram 46 espécies comparadas e, no final, ele não tinha característica de nenhuma e tinha característica que nenhuma outra tinha”, conta a professora de Paleontologia do CAV, Juliana Sayão.
Dentre as características singulares à espécie, está a presença de uma grande crista e de dentes finos à frente do crânio, o que permitia ao animal romper a superfície da água para pegar peixes. “Essa crista grande ocupa 40% do crânio, a maior entre todos os pterossauros. A quantidade de dentes também é diferente: nesse, há 50 pares, enquanto, normalmente, nas outras espécies, há entre 12 e 22 pares”, detalha a professora.
![É primeira vez que um pterossauro é descrito por um grupo de pesquisadores do Nordeste (Foto: Anna Tiago / G1 PE) É primeira vez que um pterossauro é descrito por um grupo de pesquisadores do Nordeste (Foto: Anna Tiago / G1 PE)](http://s2.glbimg.com/UeMtvbbToBVqohSB0BLZEq7x8cs=/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2014/10/02/ptero1.jpg)
(Foto: Anna Tiago/G1)
Para o professor de Paleontologia da Urca, Álamo Saraiva, descobertas como essas podem ajudar a compreender o presente. “A descoberta de mais uma espécie nos ajuda a entender a dinâmica de uma época tão remota. A partir do conhecimento que a gente vai tendo, podemos entender algumas coisas que estão acontecendo hoje relacionadas a mudanças climáticas e aquecimento global, por exemplo”, afirma.
Em dezembro, o material volta definitivamente para o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, onde ficará exposto no acervo permanente. “Quando a gente escava e consegue novas espécies, podemos aumentar o acervo dos museus da região e isso fomenta o turismo, que é um desenvolvimento sustentável, muito importante nessas áreas de seca”, ressalta o professor.
Nome
A origem do nome da nova espécie (Maaradactylus kellneri) faz referência a uma lenda dos índios Cariri que habitaram a região sul do Ceará. Os longos dentes do pterossauro fazem alusão à história de Maara, filha do chefe da tribo que, por um feitiço, foi transformada em um monstro com grandes dentes que atraía e comia pescadores no rio. A terminação "dactylus" é atribuída a animais desse gênero.
Já "kellneri" é uma homenagem ao pesquisador Alexandre Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele é internacionalmente conhecido por estudos na área de Paleontologia e é membro titular da Academia Brasileira de Ciências.
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