Padre Francisco realizou última missa no mesmo dia que sumiu em Salvador (Foto: Ruan Melo / G1)
"Produza frutos de amor e de paz". Esta foi uma das mensagens deixadas
pelo padre Francisco Carlos de Souza durante a última missa realizada no
domingo (5), momentos antes de sumir ao sair de casa para realizar a segunda celebração do dia. O corpo do paróco foi encontrado no bairro do Stiep, em Salvador, na tarde de segunda-feira (6), com diversas marcas de perfurações.Abalados e com a lembrança da última missa clara na memória, diversos fiéis foram nesta terça-feira (7) até o Santuário Mãe Rainha, no bairro do Stiep, rezar pelo padre. Com um caderno em mãos, a professor Luciana Goes levou anotadas as palavras do padre, registradas por ela na última missa rezada por ele na manhã de domingo.
Luciana Goes frequentava missa do padre há
dez anos (Foto: Ruan Melo/G1)
"O que ficou bem marcado para mim foi que ele disse que se Deus fosse
um psicólogo, o problema dele seria nós. Ele disse também que a gente
não deve se encantar com coisas materiais, mas sim em algo que valha a
pena, que devemos produzir frutos de amor e de paz. Ele focava na
bondade e no desapego dos bens materiais. A missa dele sempre lotava,
tinha muita criança, às vezes as pessoas não tinham onde sentar e
ficavam assistindo do lado de fora, de dentro do carro", recorda a
psicóloga, que há dez anos frequentava as missas celebradas pelo
religioso.dez anos (Foto: Ruan Melo/G1)
A hipótese de homicídio é a principal linha de investigação adotada pela Polícia Civil para explicar a morte. O corpo de Francisco Carlos de Souza está sendo velado no Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação, na capital baiana. Nenhum suspeito foi detido até agora.
"Vai ser difícil superar. Acho que nós só vamos conseguir superar com a fé mesmo. Vamos ficar com a força que ele trazia para continuar o trabalho deixado por ele. É muito difícil olhar para uma pessoa há pouco tempo e saber que não vai mais vê-la. É muito bruto", completa a professora.
Velório do padre Francisco acontece no Cemitério
Jardim da Saudade (Foto: Ruan Melo / G1)
Outro que também esteve presente na última missa foi o comerciante
Hernando Peixoto. Com lágrimas nos olhos, ele recordou os últimos
momentos com o padre. "Ele era uma pessoa ótima, muito correto, sempre
falava sobre paz. Até agora não acredito no que aconteceu. Quando soube,
perguntei a Deus como uma pessoa poderia fazer isso", lementou.Jardim da Saudade (Foto: Ruan Melo / G1)
Padre Francisco de Souza era de Minas Gerais e morava sozinho em um condomínio no bairro do Stiep, em Salvador. Ele também era filósofo, psicóloco e escritor.
"Os domingos não serão mais os mesmos sem ele. Quando dava 14h eu já me arrumava para ir à missa. Ele se preocupava muito com a família, com o jovem. Acho que ele cumpriu a missão dele", contou também a terapeuta Graça Marques.
PADRE |
O corpo foi reconhecido pelo advogado da igreja e pelo Padre Valter Reis, que faz parte da Paróquia Nossa Senhora da Esperança. Segundo a polícia, o corpo de Francisco Carlos de Souza foi encontrado com perfurações nas proximidades de uma praia.
Com base em depoimento de testemunha que é colega da vítima, o padre se sentia inseguro após ter registrado uma queixa denunciando desaparecimento de objetos. A Polícia Civil trabalha para localizar esse registro policial. Mesmo com as evidências iniciais indicando homicídio, a equipe não descarta o caso de latrocínio, roubo seguido de morte.
Em nota de pesar, a Arquidiocese de Salvador afirmou que Francisco Carlos de Souza foi ordenado como sacerdote em 20 de setembro de 1999. Ele é natural de São João Del Rei, cidade em Minas Gerais.
"Manifestamos a seus irmãos e demais parentes, residentes em Minas Gerais, a expressão de nossa unidade à sua dor. Agradecemos as manifestações de carinho de todos aqueles que choram sua partida. Pedimos que todos se unam às nossas orações pelo descanso eterno deste sacerdote amigo", afirmou em nota Dom Murilo Krieger, arcebispo Primaz do Brasil.
Igreja no bairor do Stiep, em Salvador, onde religioso atuava (Foto: Ruan Melo/G1)
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