Surto da superbactéria KPC afeta UTI neonatal do Hospital Barão de Lucena

Da TV Globo Nordeste

Um surto da superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) afeta a UTI neonatal do Hospital Barão de Lucena, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. A KPC é uma bactéria multirresistente transmitida em ambiente hospitalar pelo contato com o paciente contaminado. A denúncia surgiu após a mãe do menino Ryan Tenório - que tem uma doença rara e vive na unidade de saúde desde os cinco meses de vida - informar que o garoto, de 2 anos e nove meses, era um dos pacientes em isolamento. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou 10 casos. Nenhuma morte foi registrada. Ryan está com a bactéria colonizada no organismo e fora de perigo, de acordo com a direção do hospital.
Ryan é portador da Síndrome de Ondine, um distúrbio raro, que afeta uma em cada grupo de 200 mil crianças. Quando acordado, ele é uma criança como qualquer outra. Mas não respira quando dorme. Por isso, necessita de respiração artificial durante a noite. A saída é a implantação de um marcapasso diafragmático, que permitiria a Ryan ir para casa. A família entrou na Justiça para cobrar a cirurgia. O governo estadual segue no processo de compra do equipamento, que custa em torno de R$ 450 mil.
De acordo com a mãe, Carolynne de Brito, além de o filho ser privado de tudo por viver em ambiente hospitalar, a vida no Barão de Lucena traz o risco diário de uma infecção. E foi o que aconteceu. Há 10 dias, o garoto está impedido de receber visitas. A única autorizada era a mãe, com luvas e roupas especiais.
A superbactéria KPC também afeta outras crianças da UTI neonatal do Hospital Barão de Lucena, referência regional em pediatria e neonatologia. O diretor médico da unidade de saúde, Éber Vieira Coutinho, confirmou os casos e disse que um paciente está infectado e os demais, colonizados. Segundo ele, a criança com infecção "está sendo submetida a uso de antibiótico e respondendo bem ao tratamento". Já os colonizados estão com a KPC no organismo, mas não apresentam sintomas. O setor está fechado para novos internamentos e as visitas seguem suspensas.
Éber garantiu que "todas as medidas recomendadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estão sendo tomadas", incluindo limpeza, desinfecção e palestras para familiares de pacientes e funcionários do hospital. "Os parentes podem ficar tranquilos", assegurou, acrescentando que o surto está "sob controle", uma vez que há sete dias não há novos casos.
A respeito da cirurgia do menino Ryan, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a compra do marcapasso diafragmático deve ocorrer até o final deste mês. A SES já está em contato com o médico Rodrigo Sardenberg, de São Paulo, pioneiro neste tipo de operação, e afirmou que o especialista virá ao Recife para operar Ryan. Ainda não há data para o procedimento cirúrgico.