Motorista linchado após acidente saiu para socorrer vizinho, diz família
Jovem foi enterrado na manhã desta quinta-feira, em Salvador (Foto: Henrique Mendes/G1)
O rapaz de 29 anos que foi morto a pedradas por moradores de rua após um acidente de trânsito em Salvador
saiu de casa na madrugada de quarta-feira (25) para socorrer um vizinho
que estava se sentindo mal e levá-lo a um hospital. A informação foi
relatada por familiares e amigos, que participaram na manhã desta quinta
(26) do enterro de Eliomar Saraiva de Araújo, que completaria 30 anos
na próxima terça-feira (31).
Jovem de 29 anos foi linchado após atropelar
moradores de rua (Foto: Reprodução/TV Bahia)
O gesto de solidariedade de Eliomar, morador do bairro do Pau Miúdo,
virou tragédia quando ele voltava sozinho do hospital onde deixou o
vizinho, acompanhado de uma outra pessoa, e perdeu o controle do veículo
na Rua Cônego Pereira, na Sete Portas. Eliomar atropelou dois moradores
de rua. Um deles morreu na hora e o outro foi socorrido com ferimentos
para um hospital.
"É uma tragédia uma pessoa sair para dar um socorro, ser assassinado de
uma forma tão violenta", desabafou a prima Simone Sales. Familiares
acreditam que Eliomar desceu do carro para prestar socorro às vítimas,
quando foi agredido até a morte. "É uma pessoa muito prestativa. Jamais
se negaria a dar socorro a ninguém", contou outra prima, Liane Sales.
Muito abalado, o pai de Eliomar, Everaldo Araújo, ainda tenta
compreender as razões de tragédia. "Estávamos dormindo e acordamos com
os vizinhos falando o que aconteceu. Ficamos perdidos. Ainda não sabemos
direito o que aconteceu", relata. As causas que levaram o condutor a
perder o controle do veículo ainda são desconhecidas.
Eliomar trabalhava há dois meses como polidor em uma concessionária de
veículos seminovos na Avenida Barros Reis, perto do local onde aconteceu
o acidente. O colega de trabalho, Orlando Maia esteve no sepultamento e
lamentou a perda. "Era uma pessoa prestativa, assídua e competente",
pontuou. Eliomar era solteiro, não tinha filhos e morava na casa dos
pais.
A mãe de Eliomar, muito abalada, precisou ser amparada por familiares durante o cortejo fúnebre.
Investigação
A Polícia Civil vai analisar imagens de câmeras de segurança que possam
ajudar a identificar os envolvidos no linchamento de Eliomar. De acordo
com o delegado Marcelo Sansão, que investiga o caso, os suspeitos do
linchamento podem responder por homicídio qualificado - pela
impossibilidade de defesa da vítima e pela crueldade - e pegar de 20 a
30 anos de prisão.
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