sábado, 31 de outubro de 2015

FHC diz que Dilma Rousseff não tem vocação para conversa

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse, em entrevista a Roberto D’Avila, que foi exibida nesta sexta-feira (30) na GloboNews, que a presidente Dilma Rousseff não tem vocação para conversa, ao analisar o atual momento político e econômico do país.
“A presidente Dilma não tem vocação para a conversa. A conversa não é comigo. A conversa é com o país, com o Congresso. Política é conversa. Estamos com falta de pontos de apoio para tecer uma nova sociabilidade política”, afirmou.
Fernando Henrique defendeu a necessidade de organização e conciliação dos políticos como um caminho de solução para a crise.
“É preciso que os políticos assumam a sua responsabilidade histórica: é sair da crise. Se ficarem parados, os políticos vão dançar a música cujo ritmo é dado pela crise e pela Lava-Jato”, ressaltou.
O ex-presidente defendeu uma trégua para mudar os pontos que amarram o país.
“É preciso criar uma rede de pessoas representando vários setores da sociedade e os partidos. Porque você não sai de uma encalacrada do tamanho da nossa simplesmente com um acusando o outro. É preciso fazer uma espécie de autocrítica coletiva”, disse.
Segundo Fernando Henrique, a crise é de falta de confiança e o país, na visão dele, precisa recuperar o rumo: “A crise, fundamentalmente, é falta de confiança. Por que não se faz nada? Porque ninguém está confiando que vai melhorar. É preciso abrir horizontes e apoios que possam mostrar a todos, e lá fora também, que o país sabe para onde vai. É preciso ter rumo.”
Para o ex-presidente, Dilma precisa provocar o entendimento ao redor de reformas, inclusive “uma reforma política que restabeleça a crença do país nas instituições”.
Em relação a um possível processo de impeachment, Fernando Henrique disse que Dilma poderia optar por um gesto de grandeza: “Eu vou embora se vocês aprovarem isso, isso e isso”, afirmou, ressaltando que considera essa opção “difícil’.
O ex-presidente destacou a importância do PT e disse que não defende o fim do partido: “Não acho que o PT é um partido que vá desaparecer ou que deva desaparecer. Ele tem uma raiz popular que deve ser mantida.” No entanto, Fernando Henrique ressaltou que o país não pode ficar “a reboque do corporativismo, do populismo e do atraso”.
“O PT deve reagir a esse atraso, que é uma utopia regressiva. O bom é o futuro.
Como vamos construir o futuro? Você não constrói o futuro senão com ideias novas”,  afirmou.

Sobre o seu recém-lançado livro “Diários da Presidência’, em que revela os bastidores desconhecidos do grande público dos dois primeiros anos do seu mandato, Fernando Henrique disse que é um livro de boa-fé.
“É um livro sincero. Por que eu publiquei? Em parte porque acho que está faltando isso no Brasil”, ressaltou.
G1

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