segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Empresa fabrica bonecas sexuais realistas e diz que produto é ‘obra de arte’

Por fora, pode parecer uma loja comum de bonecas infláveis ou um sex shop especializado nelas. Mas o dono do negócio garante que o produto que vende ali não se limita ao “sexo”.
Há 20 anos no mercado das “mulheres de plástico”, Matt McMullen defende que as “Real Dolls” que sua empresa Abyss Creations fabrica são obras de arte e “fontes de felicidade” para os clientes.
Ele me recebe na loja com um sorriso no rosto e cercado por elas – as bonecas de silicone e tamanho real, que lembram muito mulheres de verdade.
Quem passa por ali dificilmente fica indiferente. Logo na entrada, um homem e uma mulher de silicone recepcionam os clientes, e a sensação é a de estar a caminho de um museu ou de uma sala de jogos para adultos.
Dakotah, um jovem de carne e osso de 22 anos, logo vem dar as boas-vindas.
Ele trabalha na loja desde que completou 18 anos e se diz muito feliz e orgulhoso do que faz.
“Quando conto onde eu trabalho, as pessoas me olham com cara de espanto. Elas têm aquela imagem dos filmes eróticos na cabeça, das bonecas infláveis, de plástico. Mas estas são verdadeiras obras de arte”, afirma.
“Quando as pessoas vêm aqui e veem de perto o que fazemos, ficam boquiabertas.”
Assim que passamos a recepção, damos de cara com várias bonecas expostas ali. Tem de todos os tipos: ruivas, morenas, altas, baixas, com diferentes tipos de corpo – mas uma coisa elas têm em comum: o tamanho (enorme) dos seios.
Personalizadas
Um dos “diferenciais” da Real Dolls é o fato de que a loja oferece personalização das bonecas – até no mínimo detalhe.
No sótão, onde está o grosso da produção, encontro dezenas de corpos pendurados, prontos para “ganharem vida” como a “boneca dos sonhos” de alguém.
Elas são feitas de silicone e, ao tocá-las, é possível sentir a suavidade e o frescor da pele.
“Os clientes podem escolher tudo, desde o tipo de corpo até o tamanho dos seios, o tipo de cabelo e as roupas”, explica Dakotah.
A maioria dos corpos disponíveis são de mulheres, mas há também alguns do modelo masculino.
O funcionário conta que a maioria dos clientes que aparecem na loja são homens, mas que também há algumas mulheres interessadas no produto – e, para a surpresa de alguns, até mesmo casais já procuraram o local em busca de uma boneca ideal para os dois.
Quando pergunto se há algum tipo de pedido para personalização “fora do comum” ou que eles teriam recusado fazer, Dakotah explica que, quanto mais “rebuscado” é o pedido, mais caro ficará a boneca. E, dependendo da complexidade da personalização, há até a possibilidade de a venda não se concretizar.
Alguns casos singulares mencionados por ele foram o de um homem que pediu uma boneca pintada de vermelho com chifres e o de um outro cliente que queria uma mulher coberta de pelos em todo o corpo. Houve também quem pedisse uma boneca com três seios.
Dakotah ressaltou que algo que tem se tornado cada vez mais comum é o interesse por bonecas com corpo de mulher em que também possam ajustar um pênis.
Felicidade
Se muitos veem o “mundo das bonecas infláveis” como uma fonte de fetiche ou de satisfação sexual apenas, para o dono da Real Dolls, Matt McMullen, seu negócio é “arte e fonte de felicidade”.
“A gente costuma assumir que todo mundo tem potencial para ter um parceiro ou parceira, que é fácil para todo mundo se relacionar com outra pessoa, encontrar o amor da vida, casar…”
“No entanto, há muita gente que está sozinha, que precisa de uma companhia, mas, por alguma razão, não encontra ninguém. Para esses, a boneca é a resposta”, diz.
“A boneca realmente traz felicidade para essas pessoas, não se trata só de sexo. É muito além disso. É a diferença entre voltar para uma casa vazia ou voltar para uma casa em que há uma boneca que o faz passar o tempo sonhando”.
Futuro: inteligência artificial
O homem que há 20 anos começou fazendo suas próprias esculturas na garagem não se contenta com o sucesso das suas bonecas reais e já decidiu que irá dar um passo além delas: ele quer transformar as mulheres infláveis em robôs inteligentes.
“Meu primeiro foco nunca foi fazer uma mulher que fosse capaz de fazer movimentos sexuais. O que eu sempre quis foi conseguir dotá-la de inteligência artificial”, conta.
McMullen fez uma parceria com empresas tecnológicas e criou o projeto “RealBotix”, que está se desenvolvendo em ritmo avançado.
Trata-se de um aplicativo para smartphones e tablets que permitem experimentar o que é ter uma companheira virtual no celular.
“Você poderia escolher a personalidade dela, interagir, conversar, ela se lembraria de coisas que você tivesse contado, te faria perguntas e criaria uma experiência para te fazer sentir que ela se importa com você”, explicou McMullen.
“Depois, a ideia seria lançar uma cabeça robótica que pode ser ajustada na boneca e aí você poderia conectá-la ao aplicativo. Assim, você poderia conversar diretamente com a boneca, e não com seu celular. Você poderia falar com ele e ela poderia se mexer, falar, mexer os olhos…”
Avançando ainda mais, o terceiro objetivo será poder colocar o robô em uma realidade virtual. “Assim, você teria três formas de se relacionar com ela: somente pelo app, diretamente com a boneca ou na realidade virtual. Ou das três formas de uma vez. Seria uma experiência incrível.”
O projeto ainda é piloto, mas já existe um protótipo dele na loja. É uma boneca magra, de cabelos ruivos e veste um biquíni com a bandeira dos Estados Unidos.
Dakotah conta que ele e todos os outros funcionários da loja estão bastante empolgados com a ideia de que as bonecas possam se tornar robôs em um futuro não muito distante.
Obras de arte
Para McMullen, o grande diferencial é que seu produto é uma verdadeira “obra de arte” e que quem se liberta de seus preconceitos com relação a bonecas infláveis consegue enxergar isso.
“Temos clientes novos o tempo todo. Qualquer pessoa que tenha uma cabeça aberta sobre o conceito de bonecas pode olhá-las e perceber que, na verdade, são uma obra de arte.”
“As pessoas que trabalham aqui são muito dedicadas e têm uma formação artística. Cada passo do processo é levado muito a sério”, explica.
A fidelidade dos clientes também é algo que dá orgulho a McMullen.
“Alguns têm mais de uma boneca, outros têm a mesma boneca há 5 ou 10 anos e vêm aqui para pegar uma nova – às vezes eles pedem outra exatamente igual à que tinham porque se sentem muito apegados.”
“Não somos uma fábrica de vibradores perdida em qualquer lugar do mundo. Isso é algo muito sério e estamos constantemente inovando e avançando para fazer um produto melhor”, concluiu.
G1

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