quinta-feira, 1 de junho de 2017

Chuvas deixam cinco mortos no Estado, dois no Recife


Barreira deslizou atingindo três casas e matando duas pessoas no Recife / Alexandre Gondim/JC Imagem

JC

Um cano de águas pluviais entupido pode ter contribuído para o deslizamento de uma barreira que soterrou a técnica de enfermagem Miriam Pereira dos Santos, 43 anos, e o estudante David Pereira de Oliveira, 14, sobrinho dela, ontem pela manhã. A tragédia aconteceu no Córrego Leôncio Rodrigues, no bairro de Linha do Tiro, na Zona Norte do Recife, numa manhã em que a cidade registrou 82 milímetros de chuva em apenas seis horas. O alerta de chuvas fortes continua e a Defesa Civil recomenda aos moradores de áreas de risco que deixem suas residências. Com essas duas mortes (as primeiras no Recife), já são cinco no Estado, durante esse período de chuvas.


O vigilante Luiz Henrique de Andrade, 29 anos, padrasto de David, conta que eles e Miriam estavam limpando o barro que caía no quintal de suas casas (são três residências familiares conjugadas) quando houve o deslizamento, por volta das 10h30. “Foi muito rápido. Eu fui empurrado pela lama e eles dois ficaram embaixo. A gente passou duas horas para chegar até eles, se não fosse a demora talvez estivessem vivos. Ainda ouviram David chorando, não estou conseguindo acreditar”, relatou, enquanto revirava os entulhos tentando salvar alguns objetos.
A mulher de Luiz e outros quatro filhos, inclusive um bebê de 1 ano e 5 meses, estavam na sala e conseguiram escapar. A casa deles era a do meio. Um filho de Miriam, Samuel, de 9 anos, teve ferimentos leves. “Ele estava na sala com a irmã, Sayonara, 25. Graças a Deus estão bem”, comentou o técnico de enfermagem Júlio Silva, 50, marido da vítima, bastante emocionado. “A gente estava tão feliz!”. Segundo ele, a família se mudou para o local há cinco anos para cuidar da mãe da esposa, que morava na primeira casa com o marido, enquanto eles residiam na última.
As três residências sofreram graves danos e estão interditadas. A secretária de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife, Ana Suassuna, informou que o município está dando toda assistência possível às famílias.
Ná área, todos atribuíam o deslizamento a um cano de águas pluviais. Moradora da área de cima, no Alto do Capitão, em Dois Unidos, Fabiana de Fraga, 34, diz que houve um incêndio na barreira, no início do ano e o cano foi atingido. “Foi caindo areia e mato e ele ficou obstruído. Então a água descia pelo canto da parede”.
Familiares das vítimas falaram que já haviam acionado a prefeitura a respeito e há uma semana a Defesa Civil esteve no local colocando uma lona. “Plástico não resolve nada. O poder público só cuida das áreas turísticas. A gente mora aqui não é porque quer é porque não tem condições”, declarou Julio. O cano foi removido ontem à tarde, derramando água represada dentro dele.

A gerente-geral de engenharia da Defesa Civil, Eliane Holanda, diz que é muito cedo para concluir as causas do deslizamento, mas que elas estão sendo apuradas e salientou que o volume de chuva foi muito alto. “No ano passado instalamos mais de três milhões de metros quadrados de lona em mais de 16 mil pontos e não registramos nenhum deslizamento nesses locais. É um paliativo que resolve. Mas as pessoas não devem jogar lixo nas barreiras, rasgar ou queimar as lonas, pois isso pode vir a causar um acidente”, afirmou. A gestora diz que este ano o município instalou mais de um milhão de metros quadrados de lona.

ZONA SUL

Outro deslizamento na UR-10, Ibura, Zona Sul da capital pernambucana, por pouco não acabou em tragédia. Por volta das 8h, o motorista Benedito Alexandre de Barros, 56 anos, tomou um susto ao ver a barreira que fica atrás da sua casa cair e invadir seu quintal. A força foi tanta que rachou a parede, mas não destruiu o imóvel.
“Estava no quarto quando ouvi um barulho forte. O vizinho da casa que fica em cima da barreira fez uma obra que deve ter contribuído para o deslizamento. Já havia falado com ele outras vezes e alertado para o risco disso acontecer. Mas infelizmente ele não parou o serviço e construiu um paredão. A água infiltrou e provocou a queda da barreira”, comentou Alexandre.
O dono da casa acima da barreira é o aposentado Adriano Bezerra da Silva, 45. Ele garante que fez tudo de acordo com orientações de um engenheiro e com o aval da prefeitura. “O acidente não foi maior por causa do concreto que coloquei na parte de trás da casa. Desde segunda-feira ligo para a Defesa Civil do Recife pedindo que viessem colocar uma lona. Foram quatro ligações e nada de aparecerem”, afirmou Adriano.
A gerente de Engenharia da Defesa Civil do Recife, Elaine Holanda, informou que uma equipe esteve no local após a queda da barreira e não foi necessário remover a família. Ela disse também que qualquer obra necessita de um parecer técnico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário