quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Secretaria de Saúde de PE investiga casos de doença da urina preta no Recife


O casal foi internado no Real Hospital Português / Foto: Acervo/ JC Imagem

JC Online

O cardápio simples e tradicional escolhido por um casal do Recife para o almoço se transformou em pesadelo para toda a família. Há quase três semanas, após preparar e comer em casa um peixe da espécie arabaiana, um policial civil de 49 anos e a esposa dele, uma professora também de 49, sentiram fortes dores musculares e foram internados em um hospital particular da cidade. Além das dores, a urina dos dois mudou de cor, ganhando uma tonalidade bastante escura, levando a crer que podem ser dois casos da Doença de Haff, ou"Doença da Urina Preta", e que acometeu dezenas de pessoas na Bahia e no Ceará entre o final de 2016 e o início de 2017. Diante de todos os sintomas e exames feitos no casal, a Secretaria Estadual de Saúde, em nota emitida na manhã desta terça-feira (1º), informou que os casos foram notificados pelo hospital particular e estão sob investigação.
A mulher piorou e foi transferida para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde fez hemodiálise e permanece internada. Exames também apontaram a elevação da enzima CPK em amostras de sangue dos dois pacientes.
ingestão do peixe possivelmente contaminado pelo casal ocorreu no último dia 13. "Eu tinha saído do trabalho, comprei o peixe perto do Hospital Getúlio Vargas e levei para casa. Temperei apenas com limão, sal, fritei e comemos no mesmo dia com arroz e verdura. Eu comi duas postas e ela outras duas”, detalha o policial que, de acordo com os médicos, reagiu bem ao tratamento e recebeu alta sete dias após a internação. Segundo ele, a mulher foi a primeira a apresentar os sintomas da doença. “Não era a primeira vez, sempre comíamos peixe. O problema é que à tarde, minha esposa começou a reclamar de dor no pescoço”, lembra. O martírio da professora se estendeu até a noite, quando o esposo decidiu levá-la ao hospital. “As dores foram aumentando e ela não conseguia respirar direito. Ficava puxando o ar com dificuldade. Fomos ao hospital, mas o médico achou que poderia ser torcicolo, colocou um colete, voltamos para casa, mas a dor não passou”.
Ao acordar no dia seguinte, a mulher permanecia reclamando e o marido também começou a sentir dor. “Parecia que tinha jogado a noite todinha, pelo jeito que estava com as pernas cansadas”, compara. “Decidi voltar para o hospital com ela, mas o braço travou e não consegui nem dirigir o carro”, lembra o policial que, após chegar ao Real Hospital Português (RHP) de táxi, foi internado ao lado da esposa. Com muita dificuldade para respirar, ela foi transferida para a UTI em seguida, onde ficou por quase uma semana. A equipe médica informou que manterá a mulher internada por mais alguns dias, com previsão de alta para esta semana. “Era uma dor horrível”, afirma o policial que não consegue tirar da memória os momentos de angústia devido às incertezas de não saber o que estava acontecendo. “Ninguém sabia o que era. Pensei que minha esposa fosse morrer”, lembra.
Em nota, a SES informou que orientou o hospital a coletar o material diagnóstico para encaminhar ao Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE) para que sejam feitas as análises. A Secretaria ainda disse que está em contato com o Ministério da Saúde para discutir do caso.

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