JC
ADRIANA GUARDA
A Ruag – multinacional suíça do setor de defesa – vai investir 15 milhões de euros (R$ 58,5 milhões pela cotação desta sexta/15) para implantar uma fábrica de munições em Pernambuco. A companhia será a primeira estrangeira a ter indústria no País, após a abertura do mercado armamentista, promovida pelo governo Michel Temer (PMDB). Num primeiro momento, a fábrica terá capacidade para produzir 20 milhões de munições por ano para armas pequenas, com calibres de 9 milímetros, ponto 40 e 380. O protocolo de intenções foi assinado ontem no Palácio do Campo das Princesas, com as presenças do governador Paulo Câmara; do ministro da Defesa, Raul Jungmann e do staf da Ruag.
A empresa está prospectando os municípios com influência direta do Porto de Suape (Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes), além das cidades de Catende, Palmares, São Lourenço da Mata e Paudalho. A CEO da Ruag no Brasil, Maria Vasconcelos, diz que a fábrica entra em operação já em 2018, porque vai funcionar em um espaço provisório para depois ter unidade própria. “Os arredores de Suape nos interessa, porque o porto tem uma posição essencial no nosso negócio. É o mais próximo da Europa e está habilitado a lidar com produtos que nós vamos precisar importar”.
A produção da Ruag será comercializada para forças policiais, empresas de segurança e atiradores de esportes licenciados em todo o País, criando concorrência com as empresas nacionais e possibilitando uma redução nos preços, em função do aumento da oferta. O pedido de abertura de mercado partiu do próprio Exército. “Existia um monopólio no setor desde os anos 1930. Foram quase 90 anos até que o atual governo autorizasse a entrada da Ruag. Pernambuco participa de um novo marco na história do setor, podendo ancorar um cluster de produtos da indústria de defesa. Isso significa atrair capitais e agregar tecnologia e desenvolvimento”, defende Jungmann. A Casa Civil autorizou a entrada da empresa em setembro desse ano, após 8 anos de negociações (desde 2009).
EXPORTAÇÃO
O presidente e CEO da Ruag Ammotec, Christoph Eisenhardt, adianta que o plano da empresa também é exportar a partir do Estado. “Num primeiro momento estamos interessados no mercado norte-americano, mas temos intenção de estar em todos os países aptos a comprar em concordância com a regulamentação suíça”, observa.
Com 12 fábricas espalhas pelo mundo, sendo sete no setor de munição, a Ruag espera ampliar sua atuação no mercado brasileiro. “Por enquanto, a fábrica terá apenas uma linha de produção, com três tipos de calibres, mas a companhia fabrica mais de 1.600 tipos de munições. Isso sem falar na ampla atuação, que inclui os segmentos de aviação, aeroespacial, tecnologia, treinamento & simulação”, enumera, dizendo que o investimento em Pernambuco poderá chegar a R$ 250 milhões.
Por se tratar de uma indústria bastante automatizada, a Ruag vai gerar apenas 40 empregos, mas com nível salarial mais alto, sobretudo engenheiros. A empresa está conversando com Porto Digital, Cesar e universidades locais para desenvolver um programa de qualificação profissional e atender a demanda de mão de obra do setor.
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