segunda-feira, 11 de março de 2019

'Mulher que se presta não dá tanto problema', diz um vereador gaúcho ao criticar projeto anti-assédio


Depois da confusão, o vereador publicou um vídeo, neste sábado (9), em seu perfil no Facebook pedindo desculpas pela fala / Foto: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis / Divulgação

Foto: Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis / Divulgação
JC Online

O vereador Cláudio Gottschalk (PDT), de Nova Petrópolis (RS), falou ao final da sessão da última quinta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, que "mulher que se presta não dá tanto problema". O vídeo em que o vereador declara e defende as polêmicas foi publicado no site de notícia UOL.
"Agora eu quero dizer uma coisa para vocês, falam tanto em mulheres, tantos problemas (...) uma mulher que se presta, uma mulher decente, não dá tanto problema. Uma mulher que se presta, eu acho que não dá tanto problema. O problema são as chinelonas", disse Gottschalk, dirigindo-se à vereadora Kátia Zummach (PSDB), única representante feminina entre os 11 membros da Câmara municipal.
O vereador ainda chegou a diminuir o que são os casos de violência contra a mulher, dizendo que em Nova Petrópolis (RS) existem poucos problemas do tipo. "Aqui no município de Nova Petrópolis, quantos problemas têm? Eu acho que é muito pouco. Eu acho que até fica feio nós irmos botar faixas nos banheiros ou nos órgãos públicos com telefone para denunciar [casos de violência contra a mulher]. Eu acho que é muito pouquinho essas coisas aí".
A declaração também foi uma resposta a uma proposta da vereadora Kátia Zummach para instalar faixas em locais e órgãos públicos com orientações para os moradores denunciarem casos de violência doméstica.
 A vereadora Kátia Zummach interrompeu a fala de Gottschalk e disse: "as estatísticas comprovam, a violência não tem distinção entre mulher que presta e que não presta. Várias donas de casa diariamente sofrem violência doméstica."

Na sequência, a vereadora argumentou: "eu acho que é muito grave esse tipo de questionamento, porque o que é uma mulher que presta?" A vereadora destacou também que "a mulher tem o direito de usar qualquer decote" e não deve ser rotulada.
"Se a mulher fala não, e o homem continua insistindo, isso é assédio. No meu ponto de vista, precisamos sim, e muito, trabalhar todas essas questões", declarou. Ao se justificar, Gottschalk afirmou que não estava questionando a forma de as mulheres se vestirem, mas sim a quantidade de ocorrências de violência doméstica na cidade, que, segundo ele, são poucas.
"Eu sou um cara bruto, eu sou criado no meio do mato, eu saio muito, ando muito. Nós temos de olhar os problemas do nosso município. O que acontece fora, nós não devemos estar cuidando disso. Nós temos muito pouco problema aqui na nossa região, pouquíssimo. Se acontece fora, não é uma coisa que nós temos de estar debatendo dentro da Câmara", disse.

DESCULPAS

Depois da confusão, o vereador publicou um vídeo, neste sábado (9), em seu perfil no Facebook pedindo desculpas pela fala. "Em momento algum tive a intenção de ofender as mulheres. Sou uma pessoa simples e respeito a todos. Sou casado, tenho filha e neta, e minha intenção não foi ofender ninguém, muito menos as mulheres. Minhas sinceras desculpas", declarou no vídeo.
Mesmo com o pedido público de desculpas, os internautas não perdoaram o vereador. "Sua intenção foi de classificar as mulheres: decentes e indecentes. Decente não apanha, portanto se você apanha é chinelona! E tem que pedir mais do que desculpas, tem que renunciar ao mandato", disse um dos comentários.

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