domingo, 20 de outubro de 2019

Eleições Presidenciais de 2022 já está em debate


Às vésperas das eleições de 2018, apresentador da TV Globo, Luciano Huck, desistiu de concorrer ao pleito  / Divulgação
Às vésperas das eleições de 2018, apresentador da TV Globo, Luciano Huck, desistiu de concorrer ao pleito
Divulgação
JC
Ao longo dos dez primeiros meses de 2019, ano de estreia de Jair Bolsonaro (PSL) na chefia do Executivo federal, diversos candidatos à sucessão do capitão reformado surgiram em todo o País. A movimentação de nomes que nunca haviam concorrido ao cargo e ataques do próprio pesselista a estes personagens têm antecipado o debate eleitoral, deixando na população a sensação de que a campanha de 2018 ainda não chegou ao fim, e mais: 2022 – ano da próxima eleição presidencial – já começou.
Entre os postulantes à Presidência que já se colocaram – direta ou indiretamente –, até o momento, estão os governadores Rui Costa (PT, Bahia), Wilson Witzel (PSC, Rio de Janeiro), Flávio Dino (PCdoB, Maranhão) e João Doria (PSDB, São Paulo), além do apresentador Luciano Huck (sem filiação partidária). “Eu sou governador do Estado querendo ser presidente da República”, afirmou Witzel em entrevista recente ao jornal O Globo, dando o tom das articulações que se desenvolveram este ano. O gestor, que elegeu-se na onda do bolsonarismo, vem, assim como Doria, trabalhado para se descolar da imagem do presidente.
Jair Bolsonaro, inclusive, seria o verdadeiro responsável por todo esse debate sobre 2022, na avaliação do cientista político Vanuccio Pimentel, da Asces-Unita. De acordo com o docente, a estratégia do mandatário é fazer seus possíveis adversários se exporem e, desta maneira, perderem popularidade paulatinamente até o pleito.
“Ele (Bolsonaro) antecipou essa discussão para saber quais eram os reais interessados em disputar contra ele, principalmente dentro do seu próprio campo político, e aí começou a atacar e minar as candidaturas antecipadamente. Para ele foi inteligente fazer isso. Para quem está no cargo, saber quem será seu adversário é sempre uma vantagem, mas para quem não está é uma desvantagem ter que se expor a um processo eleitoral que ainda não existe e passar a ser criticado, analisado, escrutinado como possível candidato”, explicou Pimentel.
Em setembro, por exemplo, Bolsonaro chegou a classificar João Doria como uma “ejaculação precoce” ao dizer que ele não tem chances nas eleições de 2022. Professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, o cientista político Ricardo Ismael pensa de maneira diferente. Segundo o estudioso, os novos postulantes à Presidência, interessados em conquistar visibilidade nacional, já começam a buscar os holofotes para conquistar a parcela da população que não se identifica com o presidente e tampouco se alinha com o PT.

Ismael pontua, ainda, que Witzel e Doria podem se beneficiar durante esse processo porque a maior parte dos veículos de comunicação que possuem alcance nacional estão concentrados no eixo Rio-São Paulo. No caso dos nordestinos Rui Costa e Flávio Dino, o professor diz que eles terão que “caminhar mais” se quiserem se viabilizar como candidatos, uma vez que estão à frente de Estados periféricos.
“Quanto ao Luciano Huck, ele é um apresentador muito popular, conhecido no País todo, só que não se sabe exatamente se ele vai ou não ser candidato, pois há muitas questões familiares e profissionais envolvidas. Essa é uma decisão mais complicada, até porque ele não é um político de carreira e, se entrar nesse mundo, vai ter que aprender a jogar o jogo da política, o que não é uma coisa assim tão trivial”, comentou Ismael.
No início de outubro, Huck esteve no Recife para participar do evento Rec’n’Play, sobre tecnologia, economia criativa e cidades. Na ocasião, o apresentador – que chegou a ser cotado para concorrer à Presidência em 2018, mas não levou o plano adiante – abraçou explicitamente o tom político em suas falas.
Apesar de possuírem visões distintas a respeito do tema, os analistas concordam que o fortalecimento eleitoral dos presidenciáveis depende muito mais de quem está no poder do que deles mesmos. “Tudo vai depender de como o governo vai chegar em 2022, pois se ele estiver fragilizado politicamente, provavelmente algum desses adversários pode se beneficiar da situação”, argumentou Vanuccio Pimentel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário