terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Restaurante para pessoas em situação de rua funciona a partir desta terça-feira

 (Foto: Andrea Rêgo Barros/PCR)
Foto: Andrea Rêgo Barros/PCR
Para quem mora na rua, um prato com comida é produto incerto. É direito humano básico negado diariamente sob o olhar de quem passa e não percebe o outro com fome. A partir desta terça-feira (24), véspera de Natal, 750 pessoas nessas condições de vulnerabilidade poderão ter o alimento garantido, pelo menos na hora do almoço. O primeiro restaurante popular do Recife para a população em situação de rua se chama Naíde Teodósio, médica pernambucana referência no combate à desnutrição. Foi inaugurado nesta segunda-feira (23), na Rua Tamôios, no bairro de Santo Amaro, no Recife. Na sexta-feira (27), outro restaurante popular será inaugurado. Se chama Josué de Castro e vai funcionar na Rua do Imperador, no bairro de Santo Antônio, também na capital. No local, será ofertada a mesma quantidade de pratos por dia.

Os almoços serão oferecidos todos os dias, inclusive nos finais de semana, das 11h às 14h. As refeições serão distribuídas para as pessoas em situação de rua cadastradas e acompanhadas pelos serviços de assistência social oferecidos pelo município, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Política sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife. O acesso será controlado por catraca e a entrada será permitida mediante identificação. As crianças terão acesso se acompanhadas por uma pessoa responsável. Quem não vive em situação de rua, pode almoçar no mesmo espaço desembolsando R$ 6,71 pelo prato.

O restaurante chega com dez anos de atraso, época da publicação do decreto 7.053, que instala a política nacional para a população em situação de rua, como lembra o frei Marcos Carvalho, da Pastoral do Povo de Rua. "O espaço é resultado de muita luta junto ao Ministério Público de Pernambuco. A proposta tem alcance amplo de atender à população de rua, mas a gente pensa que não precisa ser apenas para essas pessoas, mas para trabalhadores, desempregados, ou seja, outros pobres. O preço cobrado deveria ser simbólico, de R$ 1 ou R$ 2", comentou o religioso, que também integra o Conselho de Segurança Alimentar.Luciano José da Silva foi à inauguração representando os usuários da assistência do Recife. Para ele, a iniciativa é ótima. "Antes a gente não tinha garantia de um prato de comida. Dependia de ficar na porta de bar. Agora poderemos comer."

O prefeito Geraldo Júlio destacou o crescimento da população de rua no país e a fome que ainda assola as regiões. "Infelizmente, ouvi dizer em Brasília que não havia mais fome. Quem diz isso é porque não conhece a realidade." Ana Rita Suassuna, secretária de Assistência Social, disse que o restaurante é direcionado prioritariamente à população de rua, os mais vulneráveis, disse ela. Sobre a demora para a instalação do serviço, ela disse que outras ações foram feitas para essa população ao longo dos últimos anos, como ampliação dos Centros de Referência Especializados em Assistência Social (Creas), que passaram de dois para seis.

Segundo dados da Secretaria Executiva de Assistência Social levantados este ano, 1,6 mil pessoas vivem em situação de rua no Recife. Dessas, 200 estão abrigadas nas 11 casas de acolhida. Desse total, 530 vivem nos bairros de Santo Antônio, Santo Amaro, Boa Vista, São José e Bairro do Recife. No penúltimo levantamento feito pelo município, em 2016, foram contabilizadas 1.200 pessoas nessas condições. Os restaurantes fazem parte do Programa Chegando Junto, uma ação municipal de assistência e geração de renda cujo objetivo é reduzir a pobreza.

A população em situação de rua do Recife é atendida pelas equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social de Rua (Seas), que fazem encaminhamentos para acolhimento, retirada de documentos, acesso à rede de saúde, inclusão em programas e benefícios sociais e tentativa de reintegração com a família. Outra ação são os dois Centros de Referência Especializados para a População em Situação de Rua (Centro POP), que atendem a demandas consideradas emergenciais. Eles ficam em Santo Amaro e na Madalena. Nesses espaços, as pessoas podem ser incluídas no cadastro único, ter acesso à alimentação, higiene pessoal (banho) e atendimento psicossocial.Diário de PE

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