quarta-feira, 3 de junho de 2020

Com tradição junina, cidades no Agreste de Pernambuco proíbem fogueiras no mês de São João


Foto: Reprodução/ TV Jornal
FOTO: Foto: Reprodução/ TV Jornal
Em um ano atípico, provocado pela pandemia do coronavírus que tem se interiorizado no País, o São João de algumas cidades pernambucanas, que tradicionalmente comemoram a data com festividades, não terá fogueira que “acende o coração” dessa vez. É o que determinam os decretos publicados pelas prefeituras das cidades agrestinas de Pesqueira e Bezerros, proibindo o acendimento de fogueiras no mês de junho, enquanto perdurar o período de calamidade pública. Entretanto, a Prefeitura de Pesqueira informou que o decreto precisou ser revogado pela falta de um parecer de infectologista e pneumologista, mas será novamente publicado.
O decreto da Prefeitura de Pesqueira, publicado no domingo (31), que ainda não está válido, visa evitar a possível superlotação de hospitais públicos ou privados devido a intoxicações por fumaça ou por acidentes com fogos pelos 67.395 moradores da cidade (segundo estimativa do IBGE), além das aglomerações presentes no período junino provocadas pelas celebrações e, por sua vez, fogueiras, em espaços públicos e privados. A decisão recomenda ainda que não sejam utilizados, durante o período de festas juninas, fogos de artifícios em espaços públicos ou privados por conta da possibilidade de incidentes.
Já os 60.798 bezerrenses estão passíveis de responder judicialmente caso acendam fogueiras, de acordo com o Código Penal 268, que trata de crime contra a saúde pública. O decreto municipal, publicado na sexta-feira (29), que proíbe fogueiras também determina que haverá fiscalização para o cumprimento, mas não trata sobre a proibição de fogos de artifícios. De acordo com o Secretário de Governo, Marconi Andrade, a guarda municipal, o departamento de trânsito e a polícia militar irão fazer rondas preventivas nos dias das festividades pelas principais ruas, periferias e núcleos urbanos da zona rural para evitar infrações.
"Estamos passando por um momento de transição de um novo normal e, mesmo sendo uma tradicional da cidade, precisamos entender que o mais importante é cuidar das pessoas mais idosas e que tem dificuldades respiratórias para evitar uma quantidade maior de pessoas nas unidades de saúde. Se a gente sobrecarregar, o sistema colapsa”, explica Marconi. “É notório que período junino aumenta uma demanda de quem tem problemas respiratórios e por isso é necessário suspender essa prática”, completa o secretário.
A fogueira, de fato, pode afetar pessoas com problemas respiratórios, como explica Vera Magalhães, médica infectologista e professora titular de doenças infecciosas da UFPE. “Essa medida é muito importante, porque as fogueiras pode agravar quadros de asma e, em correlação com um cenário de pandemia de uma doença respiratória, pode ser ainda pior”, explica. “Dou um exemplo próximo, meu marido que é asmático, precisa viajar nesse período para evitar a exposição. Mas do ponto de vista médico, as fogueiras, nesse período junino, emitem substâncias tóxicas que prejudica esse grupo de pessoas”, esclarece.
Questionadas pela reportagem, as cidades que também contam com celebrações juninas, como Petrolina, Serra Talhada, Gravatá e Caruaru, não se posicionaram sobre o assunto e não tem nenhuma decisão oficial que proíba as fogueiras. O Governo do Estado também não emitiu nenhum decreto que proíba as fogueiras no Estado até o momento.Do JC

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