domingo, 29 de agosto de 2021

Brasil: 55% da População Enfrenta Insegurança Alimentar

 

Brasil tem cerca de 19 milhões de pessoas que convivem com a fome

JUAN IGNACIO RONCORONI / EFE - 29.3.2021


O Relatório Luz 2021 sobre a Agenda 2030, realizado por 57 organizações não governamentais, entidades e fóruns da sociedade civil, aponta que o Brasil regrediu no cumprimento de políticas públicas de áreas como pobreza, segurança alimentar, saúde, educação e meio ambiente. O documento indica que mais de 80% dos indicadores do governo federal estão em retrocesso, estagnados ou ameaçados.

país voltou ao Mapa da Fome, risco que já havia sido detectado em 2017, ano da primeira edição do relatório, que é elaborado por 106 especialistas com base em dados oficiais ou ainda em estudos e pesquisas acadêmicas. O objetivo é analisar a implementação dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvim"Havia fortes sinais de retrocesso na erradicação da pobreza. A insegurança alimentar grave, que é a fome, chega a 19 milhões de pessoas. Em 2017, eram 10,3 milhões, segundo IBGE. Um crescimento muito alto em um período curto de tempo. É um sinal de alerta. Já era um número elevado e ficamos bastante preocupados com essa marcha à ré", afirma Francisco Menezes, que é assessor de políticas da ActionAid.ento Sustentável).De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization) da ONU (Organização das Nações Unidas), a insegurança alimentar se refere ao acesso limitado de uma pessoa ou de uma família à comida. Um dos motivos é a falta de dinheiro. Segundo o relatório Luz, 9% da população brasileira passa fome, outros 11,5% sofrem com insegurança alimentar moderada e 34,7%, leve. Apenas 44,8% dos brasileiros se alimentam bem.

Sandra do Prado, de 49 anos, é moradora de Heliópolis, a maior favela de São Paulo, e faz faxinas e passa roupa a cada 15 dias. Ela perdeu o emprego formal e tem depressão. O imóvel com quarto, cozinha e banheiro é dividido com o marido e a filha adolescente. O único salário da casa só é suficiente para pagar o aluguel e algumas contas.

"Não durmo, acordo tremendo. Muitas contas na minha cabeça. Quero comprar coisas pra minha filha, mas não tem como. Tem mais de um mês que não comemos carne, só arroz, feijão e ovo. Nem dinheiro pro pão às vezes eu tenho", lamenta a diarista.A pandemia agravou a situação, mas não é a única responsável. O teto de gastos impactou no cumprimento de programas de governo, a crise política e econômica também contribuíram. Para Francisco Menezes, até mesmo a Reforma Trabalhista criou condições para o crescimento do trabalho informal e do subemprego.

"Com o aumento da pobreza, a proteção social deveria ter sido fortalecida por meio de programas, o que não aconteceu. Esperava-se um crescimento dos programas de transferência de renda. São fatores combinados que levaram a isso. A pandemia fez com que o quadro se acelerasse", ressalta o especialista.

Investimentos para agricultura orgânica desabaram, segundo o relatório. Em 2020, eles foram equivalentes a somente 30% do valor de 2015. Também houve declínio no total de famílias assentadas no PRNA (Programa Nacional de Reforma Agrária) e o aumento do uso de lenha ou carvão para cozinhar alimentos.

Ao longo dos anos, a segurança alimentar vem se deteriorando no Brasil, como aponta o relatório. Em 2004, atingia 64,8% da população, em 2020, apenas 44,8%. A insegurança alimentar grave, considerada fome, ia na contramão, estava em queda desde 2004, mas se aproximou agora do antigo patamar: 9%. 

Gráfico mostra o crescimento da fome e insegurança alimentar no Brasil

Do R7
REPRODUÇÃO / RELATÓRIO LUZ


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