quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Caso Beatriz: menina se assustou ao ver faca, e morador de rua a matou para silenciá-la

Secretaria de Defesa Social detalhou identificação de suspeito de matar a menina Beatriz em Petrolina — Foto: Pedro Alves/g1

 Beatriz Angélica Mota, criança de 7 anos morta a facadas dentro de um colégio particular em Petrolina em 2015, foi assassinada pelo então morador de rua Marcelo da Silva, de 40 anos. A menina teria se assustado ao vê-lo com uma faca, e o crime teria sido cometido para silenciá-la, segundo o secretário de Defesa Social, Humberto Freire Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (12), no Recife, Humberto Freire falou sobre a demora em apontar um autor para o assassinato, que ocorreu no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.

Na terça (11), seis anos, um mês e um dia depois do caso, a SDS disse que identificou o morador de rua Marcelo da Silva como o assassino de Beatriz. Ele foi indiciado pelo crime no mesmo dia.O anúncio da autoria do crime ocorreu somente 15 dias depois que os pais de Beatriz percorreram durante 23 dias mais de 700 quilômetros a pé, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça.

"Temos a motivação alegada se coadunando [coincidindo] com a dinâmica dos fatos que, ao haver contato do assassino com a vítima, ela teria se desesperado e por isso foi silenciada a golpes de faca", declarou o secretário.Participaram da coletiva o secretário de Defesa Social, Humberto Freire; o chefe da Polícia Civil, Nehemias Falcão; a coordenadora o do Central de Apoio a Promotorias (Caop Criminal), Ângela Cruz; e o gerente geral da Polícia Científica, Fernando Benevides, que tomou posse do cargo neste mês.

Nenhum dos delegados que integraram a força-tarefa criada em 2019 para investigar o caso participou da entrevista coletiva.

Como a coletiva foi restrita a jornalistas, os pais de Beatriz, Lucinha Mota e Sandro Romilton não puderam participar, mas foram chamados pelo secretário para uma conversa antes da entrevista. A mãe da garota afirmou que precisa de mais elementos e informações para considerar que o caso está solucionado Marcelo da Silva tem 40 anos e vive em situação de rua. Ele nasceu no Sertão do estado e, estava preso pelo crime de estupro desde 2017. Em 2019, ele teve material genético colhido para inserção no banco genético do estado, num mapeamento de todos os condenados do sistema prisional.

Em 2021, a polícia começou a monitorá-lo, junto com outros 124 condenados do sistema prisional, depois de um refinamento dos dados genéticos e melhoria do material encontrado na faca cravada no tórax de Beatriz No final de 2021, surgiu o primeiro indicativo que apontava o DNA de Marcelo como sendo o mesmo encontrado na faca. "Surgiu o primeiro indicativo ainda em 2021 e, a partir desse indicativo, diversas outras análises são necessárias para comprovação", explicou Humberto Freire.

Na primeira semana de janeiro, Marcelo da Silva foi levado ao Fórum de Trindade, também no Sertão, para um procedimento ligado a outro crime pelo qual responde. Segundo o secretário Humberto Freire, ele já foi preso ao menos três vezes por estupro de vulnerável e crime contra o patrimônio.Foi nessa ida ao fórum que a Polícia Científica coletou, mais uma vez, o material genético do suspeito e conseguiu concluir o confronto entre os materiais genéticos.

De acordo o secretário de Defesa Social, o DNA de Marcelo teve total compatibilidade com o material genético presente no cabo da faca encontrada no corpo de Beatriz (veja vídeo acima). Depois desse exame, o suspeito prestou depoimento em que, segundo diz a polícia, confessou o crime à força-tarefa criada para conduzir as investigações.

Em 2017, a polícia divulgou imagens de um homem suspeito de ter sido o autor do crime. Segundo a SDS, trata-se de Marcelo da Silva.

O secretário afirmou, também, que o número de facadas dadas em Beatriz mudou ao longo das perícias. "O laudo tem 42 fotografias de ferimento. Mas, segundo informações, são dez facadas. São 42 fotografias, algumas dela do mesmo ferimento, o que é normal", declarou.

Humberto Freire disse ainda que, apesar de as investigações seguirem em curso, está certo de que o assassino da menina Beatriz foi encontrado.

"Temos um crime em que o acusado está preso por outro crime de estupro de vulnerável; temos um acusado que, além desse histórico, narrou aos delegados que o interrogaram a dinâmica dos fatos com detalhes. Isso só reforça que há elementos suficientes fazer esse indiciamento", afirmou.

Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz, pediu mais explicações sobre autoria do crime — Foto: Pedro Alves/g1

A mãe de Beatriz, Lucinha Mota, disse que espera que Marcelo da Silva seja, de fato, o autor do crime. No entanto, ela não acredita que a menina tenha sido morta de forma aleatória, mas sim que ela foi escolhida pelo criminoso.

"Eu acredito [que ele seja o autor do crime], pelos elementos que eles apresentaram, que é o exame de DNA, que é incontestável, e as características físicas, mas isso só não é suficiente. Isso é uma fé de mãe, uma fé da família que está desesperadamente em busca de justiça. Então a gente se apega a tudo e a todos os detalhes", declarou.

Lucinha afirmou ainda que acredita que o assassino de Beatriz tenha agido a mando de alguém, e que problemas do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora podem ser a motivação.

"Todo crime tem uma motivação, e a forma como foi praticada é muito violenta, praticada com muito ódio", declarou. "Nós não tínhamos inimigos, não tínhamos rixa, não tínhamos dívidas, não tínhamos problema nenhum. Mas o colégio tem", declarou.

Ministério Público

De acordo com a coordenadora do Centro de Apoio a Promotorias (Caop Criminal), Ângela Cruz, o Ministério Público devolveu nesta quarta-feira os autos do inquérito à Polícia Civil, pedindo novas perícias, para que a corporação faça mais considerações, e o caso siga adiante até chegar à Justiça.

"Um achado muito importante, mas o Ministério Público teve a preocupação de peticionar junto ao juízo de execução para garantir a segurança do suspeito. [...] Estamos devolvendo os autos do inquérito policial. As circunstâncias desse caso precisam ser melhor apuradas, refinadas", disse a coordenadora.Do g1 PE

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