quinta-feira, 5 de maio de 2022

Líder dos Yanomami acusa governo de descaso sobre desaparecimentos

Foto: Condisi-YY/Divulgação

 Lideranças indígenas Yanomamis de Roraima desistiram de esperar pela ajuda do governo federal e decidiram prosseguir, por conta própria, as investigações sobre o desaparecimento dos 24 indígenas da aldeia Aracaçá, na região Waikás. Eles não são vistos desde a semana passada, depois da acusação de estupro seguido de morte de uma menina de 12 anos da etnia. Além da acusação de falta de apoio político e desamparo de organismos federais, os indígenas convivem com o medo de serem vítimas de mais violência.


Segundo Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena e Ye'kuana (Condisi-YY), a Polícia Federal pouco tem agido para que se esclareça o episódio. Apesar de ter acompanhado os agentes até onde viviam os ianomâmis desaparecidos — no local há apenas restos calcinados daquilo que seria a comunidade —, foi cobrado para que houvesse "o corpo caído" necessário para que as investigações prosseguissem.

"Culturalmente, queimamos o corpo para fazer ritual e cerimônia. Por isso, não foi encontrado. Mas a comunidade continua queimada e os parentes desapareceram e a gente não sabe por que. Não temos muitas informações. O governo não vai fazer nada, os policiais não podem prender os garimpeiros — só podem destruir os equipamentos deles. Enquanto isso, eles (os exploradores) vão continuar", acusou.

O Correio procurou as autoridades sobre a falta de apoio às investigações apontada pelo líder ianomâmi. A Superintendência da PF em Roraima informou, somente, que as informações disponíveis são as da nota emitida no último dia 28, destacando que as investigações estão sendo feitas em conjunto com a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Ministério Público Federal (MPF) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), com o apoio do Exército e da Força Aérea Brasileira. Já o Ministério Público de Roraima assegurou que "continua trabalhando para a proteção dos indígenas".

No caso do Ministério da Justiça, devido à atuação da Força Nacional não poderia informar o quantitativo de agentes envolvidos na operação. Porém, dentro do Ministério da Defesa o caso é considerado "midiático" e que não há provas de que foram garimpeiros que mataram a menina — segundo relatou fonte ouvida pelo Correio.Diário de PE

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