segunda-feira, 15 de agosto de 2022

'Superfungo' atinge 36 pacientes de dois hospitais públicos da rede estadual no Recife e em Paulista

 

Fungo Candida Auris — Foto: Centers For Disease Control and Prevention (CDC)

O primeiro caso do 'superfungo' foi registrado em janeiro, no HR. No mesmo mês, o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco (Satenpe) solicitou ao governo, ao Ministério Público (MPPE) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT), a interdição de duas salas da Unidade de Trauma da emergência da unidade. Esse pedido não chegou a ser atendido.

Este ano, a Secretaria estadual de Saúde (SES-PE) notificou, ao todo, Das 41 ocorrências na rede estadual.

Além das 36 confirmações, quatro seguem em investigação e um caso foi descartado. O material coletado foi enviado para análise em um laboratório de referência.

Os dados foram obtidos a partir de um pedido de feito pelo g1, por meio da lei de acesso à informação. Diante do questionamento, o governo respondeu e confirmou os números.

Entenda o problema

O Candida Auris é considerado um “superfungo” porque os testes em laboratório mostraram que ele é resistente a todas as classes de antifúngicos usados, atualmente, pela medicina.

“A princípio, não há tratamento efetivo para infecção”, explica o doutor Paulo Sérgio Ramos, infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco ( UFPE) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz.

Segundo Ramos, a maioria dos pacientes já identificados é "colonizada". Isso significa que, embora o fungo tenha sido identificado sobre a pele delas, ele não chegou a invadir o corpo. O especialista disse que, se o vírus passar por essas barreiras, porém, pode causar uma sepse, uma inflamação generalizada em todos os órgãos que pode matar. Por isso, as infecções são acompanhadas de perto pelas autoridades de saúde.

Como se pega

É possível pegar o vírus ao entrar em contato com outros pacientes infectados ou com superfícies em que o fungo esteja alojado dentro do ambiente hospitalar, explica Ramos.

“A partir do momento que se identifica um paciente colonizado ou com infecção, a gente coloca ele em precaução de contato. Ele fica num quarto sozinho. Ninguém pode tocar no paciente sem estar devidamente paramentado com capote e com luva”, afirma.

No Brasil, a notificação de casos suspeitos é feita diretamente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por isso, a SES diz não saber informar com exatidão quando as infecções ocorreram.

O estado sabe, porém, houve coleta de material para análise laboratorial em dezembro de 2021 e em todos os meses deste ano, menos abril.

No Brasil, a primeira infecção pelo Candida auris foi identificada em 7 de dezembro de 2020, em um hospital de Salvador, na Bahia. O surto iniciado no final daquele ano teve 15 casos e resultou em duas mortes.G1 PE

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