quinta-feira, 11 de maio de 2023

'Doença da urina preta': homem internado em UTI após comer peixe

 

Hospital dos Servidores de Pernambuco fica no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife — Foto: Reprodução/Google Street View

Um homem de 58 anos que está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital dos Servidores do Estado, no Recife, desde o fim de abril teve o diagnóstico confirmado de Síndrome de Haff, conhecida popularmente como "doença da urina preta". O paciente foi socorrido com sintomas da enfermidade após comer um peixe da espécie budião frito em óleo.

Segundo boletim divulgado na tarde desta quarta (10), o homem segue internado na UTI, realizando hemodiálise e com suporte de ventilação mecânica, "com pequena e progressiva melhora".

A confirmação do caso foi divulgada pelo hospital. O diagnóstico foi "firmado de acordo com o quadro clínico e laboratorial apresentado", explicou a unidade de saúde em boletim médico do paciente divulgado na tarde de terça-feira (9).

Ainda no texto, informou que:

🚨 Ele "continua internado na UTI, ainda realizando hemodiálise e recebendo suporte com ventilação mecânica";

🚨 "O estado de saúde é grave, mas se mantém estável".

O paciente não teve o nome divulgado. Ele mora na Madalena, na Zona Oeste do Recife , e tem "histórico de hipertensão e outros fatores de risco associados", segundo a Secretaria de Saúde do Recife.

Sobre o caso dele, a prefeitura do Recife também afirmou que:

"As secretarias de Saúde do município, do Estado e o Ministério da Saúde, além de especialistas, permanecem em discussão e investigação sobre o caso, assim como monitoram o quadro do paciente";

"Somente com a finalização de todas as etapas da investigação epidemiológica, poderá haver uma definição por parte das autoridades sanitárias envolvidas".Entenda o caso

🐟 23 de abril: o homem comeu o peixe no dia 23 de abril, junto com três vizinhos, mas ele foi o único que apresentou sintomas da "doença da urina preta";

🔎 24 de abril: a notificação da suspeita de Síndrome de Haff foi registrada pela Secretaria de Saúde do Recife, após o paciente ser internado no Hospital dos Servidores do Estado;

🏥 25 de abril: o paciente foi transferido para a UTI do hospital, "onde permanece sob cuidados médicos".

💉 26 de abril: na unidade de saúde, foram coletadas amostras clínicas de sangue, urina e fezes do paciente, que seguiram para análise no Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE).

Quatro horas depois de comer o peixe, o homem começou a apresentar os seguintes sintomas:

⚠️ Urina escurecida;

⚠️ Rigidez muscular;

⚠️ Inchaço e dormência nas pernas;

 ⚠️ Elevação da enzima CPK (o que indica contração rápida dos músculos);

⚠️ Hiperemia de tonsilas (aumento de vermelhidão). Em entrevista à TV Globo, a médica Karina Monteiro, que acompanha o paciente, afirmou que, apesar do quadro grave, ele apresenta melhora e, provavelmente, não terá sequelas (veja vídeo acima).

"A maioria dos casos transcorre de forma benigna. Inclusive, a mortalidade é muito baixa. Ele [o paciente], muito provavelmente, não terá sequelas. Ele está tendo um tratamento de suporte porque as lesões foram muito mais abundantes", afirmou a médica.

Peixes com a toxina

Ainda de acordo com Karina Monteiro, pesquisas apontam registros da toxina que causa a Síndrome de Haff em algumas espécies de peixe. O que o paciente comeu foi budião. "Outras espécies de peixes também estão implicadas com isso, como tambaqui, arabaiana, pacu", contou.

Também segundo a médica, o preparo do peixe não evita contrair a doença. "Não é uma bactéria, não é um vírus, não é nada disso e não vai depender do condicionamento. Se o alimento foi cru, frito ou cozido, a toxina vai estar dentro dele da mesma forma e ela não se degrada com nada", disse.

 

Casos recentes

Os casos mais recentes da Síndrome de Haff no Recife aconteceram no dia 18 de fevereiro de 2021, quando duas irmãs foram internadas no Hospital Português, no bairro do Paissandu, na área central da cidade, após se queixarem de mal-estar e dores no corpo.

A internação aconteceu horas após o almoço, que tinha no cardápio o peixe arabaiana, conhecido como "olho de boi". Flávia Andrade recebeu alta após quatro dias de internamento. A irmã dela, a veterinária Pryscila Andrade, teve morte cerebral após passar 13 dias no hospital.G1 PE

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