quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Quanto vale uma vida?

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O simbolismo de uma imagem
Depende! Para a Companhia Energética de Pernambuco, a Celpe, o bem maior do ser humano tem valores distintos, etiquetados pelas circunstâncias que envolvem o incidente que a elimina. É possível asseverar que a empresa atribui cifras diferentes à vida pela postura que teve diante de dois casos praticamente iguais, em que ficou comprovada a falha da Celpe na manutenção da rede elétrica.
Em 2011, um homem de 60 anos caminhava e, quando estava perto da sua casa, tocou em um cabo de energia que havia caído do poste. Fechou os olhos para sempre. Restaram a viúva e nove filhos. Atormentado pela perda do pai, um deles cometeu suicídio seis meses depois do fato.
Em 2013, outro homem, de 37 anos, encostou, sem ver, em um fio desprendido da estrutura que o mantinha em segurança. A vítima passeava com seu cachorro. E também morreu na hora. A perícia confirmou que o primeiro choque o atingiu na testa. Como reação, ele afastara o cabo com a palma de uma das mãos. A segunda descarga forçou a contração dos músculos. O corpo também ficou estendido a uma pequena distância da casa da vítima.
Dois detalhes diferenciam as mortes: o local da descarga elétrica e a repercussão/comoção que surgiu depois. No primeiro caso, a negligência ocorreu na zona rural de Bom Conselho, cidade do Agreste a 266 km do Recife, e vitimou o agricultor Nivaldo Cândido dos Santos. A morte não foi sequer noticiada. No segundo caso, o rabecão do IML foi chamado para Boa Viagem, bairro nobre da capital. A vítima se chamava Davi Santiago. Era advogado e músico.
No primeiro caso, a Celpe foi condenada em primeira instância a pagar uma indenização de R$ 1,8 milhão. Vai recorrer da decisão e, pela eficiência de seus advogados, sabe-se lá quando a família da vítima verá a cor do dinheiro. No segundo caso, a Celpe foi quem procurou a família do jovem de futuro promissor e ofereceu um acordo milionário como forma de tentar reparar o irreparável.
Os escândalos e as tragédias costumam vir sempre acompanhados de uma imagem. É ela quem dá as formas e cores ao absurdo ou à dor. No caso da morte de Davi Santiago, a imagem é esta acima, do protesto realizado em frente à sede da Celpe, no bairro da Boa Vista, no Recife, no dia 25 de junho do ano passado. À época, familiares e amigos espalharam 33 cruzes branca de madeira, representando as vítimas de choque elétrico em PE. A Celpe sentiu o golpe e preferiu agir. Propôs o acordo na tentativa de estancar os danos à própria imagem.Do JC

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