Do JC Online
Foto: André Nery/JC Imagem
“Eita,
me lasquei. Vocês encontraram”. Foi a reação, com palavras literais, do
servente de pedreiro Gildo da Silva Xavier, de 34 anos, ao finalmente
conseguir mostrar aos policiais do Departamento de Homicídios e Proteção
à Pessoa (DHPP) onde tinha deixado o corpo de sua enteada Maria Alice
Seabra, de 19 anos. Eram 15h desta quarta-feira (24/6) quando a viatura
da Polícia Civil que o conduzia, na companhia da delegada Gleide Ângelo,
entrou em um canavial do Engenho Burro Velho, às margens da BR-101, no
município de Itapissuma, na Região Metropolitana.
Gildo
confessou ter abandonado o corpo da garota na noite da última
sexta-feira (19), para depois seguir de carro para o Estado do Ceará.
Não explicou o que fez com ela, nem os motivos para ter assassinado
aquela que ele chamava de filha, e que criava desde os quatro anos.
Gildo era casado com Maria José Arruda, de 46 anos, mãe de Alice, há 15
anos. A história pode começar a ser esclarecida a partir de desta
quinta-feira (25/6), quando a delegada tomará o primeiro depoimento
oficial de Gildo, na própria sede do DHPP. Às 14h, a Polícia Civil fala
sobre o caso, em coletiva à imprensa.
O
servente de pedreiro terá sua segunda prisão preventiva – esta por
homicídio – pedida ainda nesta quinta. A primeira foi pelo sequestro de
Maria Alice, ocorrido na sexta-feira (19). Por volta das 11h da manhã
desta quarta, Gildo deixou a sede do DHPP, no bairro do Cordeiro, Zona
Oeste da cidade, e embarcou em uma viatura rumo ao município de Goiana,
na Zona da Mata Norte, que ele acreditava ser o lugar onde tinha deixado
o corpo da enteada.
O
servente de pedreiro sabia apenas que o lugar era perto da BR-101 no
sentido Recife-Goiana. Foram várias tentativas em lugares semelhantes ao
que ele havia descrito. Em um deles, Gildo falou as seguintes palavras à
Imprensa: “Deixei umas duas camisas minhas lá (no local onde abandonou
Alice). E se vocês (Imprensa) me deixassem sozinho com a Polícia eu
poderia ajudar a encontrar ela (sic)”. Gildo chorou em diversos momentos
da busca, mas segundo policiais que estavam na viatura e que foram
ouvidos pela reportagem, seria um choro pouco convincente.
O
clima ficou tenso quando parte da população de Goiana percebeu a
movimentação dos veículos da Polícia e da Imprensa no canavial que fica
próximo ao rio que leva o nome da cidade. Montados em motos, vários
populares cercaram o carro onde estava o servente de pedreiro e
começaram a ameaçá-lo verbalmente. A equipe de Gleide Ângelo precisou se
afastar deles, fingindo ir realizar buscas em outro lugar, já no Estado
da Paraíba. “Estava perigoso para nós e para ele. Não havia condição de
ele descer e mostrar onde seria o local do crime”, contou a delegada,
após conseguir despistá-los.
Um
outro momento de tensão foi quando o tio de Maria Alice, Valdeir
Arruda, apareceu para acompanhar as buscas. Após pegar carona com um
motoqueiro, ele conseguiu se aproximar do veículo em que estava Gildo e
chegou a encará-lo.
Às
15h desta quarta, os policiais finalmente chegaram ao local onde Gildo
deixou Maria Alice, em Itapissuma. Por volta de 16h20 as equipes do
Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto de Medicina Legal (IML)
chegaram ao Engenho Burro Velho. O corpo da jovem seguiu para ser
submetido aos exames, com vistas à liberação para o velório e
sepultamento.
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