quarta-feira, 17 de junho de 2015

Pai lamenta morte do filho atingido na cabeça por um tiro de fuzil disparado pela PM

Do JC Online

Comerciante admitiu que permitia que o filho dirigisse o carro, às vezes, mesmo sendo menor de idade e não tendo carteira de habilitação / Foto: Reprodução/Facebook

Foto: Reprodução/Facebook

"Mataram um bebê, mataram o meu bebê", fala em voz baixa Marcelo Lauriano, pai do estudante Marcelo Lauriano Gomes Filho, de 16 anos, morto por um tiro de fuzil disparado por um policial militar, por volta das 23h dessa terça-feira (16), em Escada, Mata Sul de Pernambuco. O jovem havia acabado de voltar de um passeio com o pai ao shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, e estava dando uma volta de carro com o irmão de 19 anos e dois amigos de 18 e 19 anos.

O comerciante admitiu que permitia que o filho dirigisse o carro, às vezes, mesmo sendo menor de idade e não ter carteira de habilitação. "Ele insistia bastante para dirigir e ontem [terça-feira], quando a gente chegou em Escada, pedi que ele fosse levar um funcionário meu em casa e Marcelinho aproveitou para ir comer uma pizza com os amigos e depois eles resolveram fazer um passeio", disse o pai que alegou ter tentado ligar para o filho, pois já estava tarde. "Ele não atendeu, acho que já tinha acontecido", lamentou.
Sobre o caso, Marcelo Lauriano disse o filho mais velho contou que a polícia estava fazendo um bloqueio na avenida. "Quando Marcelinho notou a viatura tentou fazer um retorno. Ele ficou com medo por ser de menor e estar dirigindo. Os policiais mandaram ele parar duas vezes. O meu outro filho e os amigos disseram p ele parar, até fizeram sinal com a mão dizendo que Marcelinho ia parar, mas ele não parou e os policiais atiraram", explica. 
"Marcelinho era uma criança, uma criança inteligente, ele queria fazer faculdade de administração, herdar meu comércio. Ele não sabia o todo o mal que o esperava", conta Marcelo. Segundo ele, o adolescente sofreu esfacelamento de crânio e morreu no local.
A Polícia Militar confirmou o caso, mas alegou que o tiro foi disparado acidentalmente. Questionado sobre se ele acreditava nessa versão, o comerciante foi enfático. "Como acidental? O tiro foi com precisão, atiraram para acertar bem na cabeça de quem estava no voltante do carro", disse Marcelo Lauriano.
Segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ainda é necessário esperar o laudo dos exames periciais para confirmar de onde partiu o tiro que matou o jovem. "Ainda não temos como precisar de onde partiu esse disparo. As informações iniciais serão aprofundadas", disse o gestor da Força-tarefa, Neemias Falcão, que explicou que o caso será conduzido pela Delegacia de Escada.
Neemias afirmou ainda que as informações de que a polícia abordou o veículo do estudante foi registrado no Boletim de Ocorrência, mas apenas a perícia do Instituto de Criminalística (IC) determinará se o disparo foi feito por um policial militar. "Ficando configurada a participação de um policial ou de qualquer pessoa, será a ela atribuída a condenação legal", disse. A caminhonete S10, que está na Delegacia de Escada, também passará por perícia.

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