Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Na denúncia oferecida ao
Supremo Tribunal Federal contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), a Procuradoria-Geral da República detalha um pagamento
feito à Assembleia de Deus, cujo destinatário seria o peemedebista. O
dinheiro, segundo as investigações, foi depositado pelo lobista Júlio
Camargo à igreja sob falsa alegação de doação religiosa.
Segundo as investigações, Camargo
recebeu do operador do PMDB no esquema da Petrobras, Fernando Soares -
conhecido como Fernando Baiano -, a indicação de que deveria fazer um
pagamento à igreja evangélica. Foram realizadas duas transferências para
a Igreja Evangélica Assembleia de Deus, no valor de R$ 125 mil cada,
totalizando R$ 250 mil, ambas no dia 31 de agosto de 2012.
Na peça encaminhada ao STF, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, relata que "não há dúvidas
de que as transferências foram feitas por indicação de Eduardo Cunha"
para pagamento de parte do valor da propina referente às sondas.
"É notória a vinculação de Eduardo Cunha
com a referida igreja", escreveu Janot. De acordo com a PGR, o diretor
da igreja perante a Receita Federal é irmão do pastor da Assembleia de
Deus em Madureira, no Rio, igreja que Cunha frequenta. Foi nesta igreja
que Cunha celebrou sua eleição para a presidência da Câmara.
"É digno de nota que Júlio Camargo nunca
havia feito anteriormente doações para a Igreja Evangélica Assembleia
de Deus, nunca frequentou referida Igreja e professa a religião
católica", escreve Janot. As pressões direcionadas a Cunha cessaram após
o pagamento à Igreja, de acordo com a denúncia, e quando o peemedebista
encontrou Júlio Camargo - que fez acordo de delação premiada - em um
hotel no Rio cumprimentou o lobista "de maneira efusiva" e se "colocou à
disposição", de acordo com depoimento de Camargo.
Cunha foi denunciado por Janot por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusado de receber propina no
valor de US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois
navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de
2012. Cunha teria recebido vantagem para facilitar e viabilizar a
contratação do estaleiro Samsung, responsável pela construção de
navios-sonda. A intermediação foi feita pelo operador do PMDB no
esquema, Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. A propina foi
paga pelo lobista Júlio Camargo.Do JC
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