quarta-feira, 20 de outubro de 2021

99% dos estudos atribuem aumento da temperatura global a atividades humanas

Foto: Kacper Pempel/AFP

 Às vésperas da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) que começa no sábado 30 em Glasgow, um artigo publicado na revista Environmental Research Letters não deixa dúvidas sobre o motivo de o planeta estar sofrendo um aumento de temperatura a uma velocidade sem precedentes. É a ação humana que está por trás das alterações no clima e no tempo, constataram os autores, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Ao avaliar 88.125 estudos relacionados ao tema, os especialistas descobriram que 99% deles apontam causas antropogênicas para o fenômeno.


Em 2013, a mesma equipe realizou um estudo com essa metodologia, verificando que 97% das pesquisas sobre mudanças climáticas, publicadas entre 1991 e 2012, apontavam as atividades humanas, como principal motor do aumento de temperatura e das consequências disso. Agora, a equipe de Cornell se concentrou nas publicações entre 2012 a novembro de 2020, mostrando que, mais do que nunca, as causas antropogênicas são um consenso científico.

“É fundamental reconhecer o papel principal das emissões de gases de efeito estufa para que possamos mobilizar rapidamente novas soluções, uma vez que já estamos testemunhando em tempo real os impactos devastadores dos desastres relacionados ao clima sobre as empresas, as pessoas e a economia”, disse, em nota, Benjamin Houlton, Reitor da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida em Cornell e coautor do estudo. Em agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, formado por cientistas independentes de todo o mundo, já havia alertado, em relatório, que as atividades humanas estão por trás do aumento da temperatura e, consequentemente, de inundações, secas, elevação do nível do mar e derretimento de geleiras, entre outros.

“Estamos virtualmente certos de que o consenso está bem acima de 99% agora, e que é praticamente caso encerrado para qualquer debate público significativo sobre o fato de a mudança climática ser causada pelo homem”, afirma Mark Lynas, pesquisador da Universidade de Cornell e primeiro autor do artigo.

Para o estudo, os especialistas começaram com uma amostra aleatória de 3 mil pesquisas do conjunto de dados de 88.125 artigos climáticos, em inglês, publicados entre 2012 e 2020. Eles constataram que apenas quatro eram céticos em relação às causas antropogênicas das mudanças no clima. “Nós sabíamos que uma visão cética seria muito pequena em termos de ocorrência, mas pensamos que ainda deveria haver mais do que quatro em 88 mil”, diz Lynas. Se o resultado de 97% do estudo de 2013 ainda deixou alguma dúvida sobre o consenso científico sobre a influência humana no clima, as descobertas atuais vão ainda mais longe para dissipar qualquer incerteza, afirma o principal autor. “Essa deve ser a última palavra.”Diário de PE

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