quinta-feira, 10 de julho de 2025

Como as 'bets' estão afetando a educação dos jovens? Pesquisa revela impacto no Brasil

Tráfego das casas de apostas legalizadas tem mais acessos que sites de plataformas consolidadas.
Tráfego das casas de apostas legalizadas tem mais acessos que sites de plataformas consolidadas. - Divulgação

 As apostas online, ou "bets", se tornaram um concorrente direto da educação superior pelo orçamento dos jovens brasileiros, com um impacto que pode impedir quase 1 milhão de pessoas de ingressar em uma faculdade particular em 2026. O alerta vem da nova pesquisa "O Impacto das Bets 2", realizada pelo instituto Educa Insights.

O estudo revela um cenário preocupante para quem já está na universidade: 14% dos estudantes que apostam já atrasaram o pagamento da mensalidade ou precisaram trancar o curso devido aos gastos com os jogos online.A pesquisa, que ouviu mais de 11 mil jovens de 18 a 35 anos em todo o país, mostra que as apostas se tornaram parte da rotina de metade dos jogadores, com uma frequência de uma a três vezes por semana. Desse grupo de apostadores frequentes, 40% são da Região Nordeste, uma proporção quase idêntica à do Sudeste (41%), mostrando a forte penetração do hábito na nossa região.Os dados também apontam para um aumento nos valores gastos. O percentual de apostadores que gastam mais de R$ 350 por mês saltou de 30,8% em setembro de 2024 para 45,3% neste ano.

"O estudo mostra que o mercado educacional ganha um novo concorrente pelo bolso do aluno potencial", observou Daniel Infante, diretor do Educa Insights, em entrevista à Agência Brasil.

Outros impactos e perfil do apostador

Além da educação, o comprometimento da renda com as "bets" afeta outras áreas da vida dos jovens. Entre os entrevistados, 28,5% já deixaram de sair com amigos, 23,6% cortaram gastos com academia ou esportes, e 20,9% deixaram de investir em outros cursos, como os de idiomas.

O perfil do apostador frequente, segundo a pesquisa, é majoritariamente masculino (85%), trabalhador (85%), com filhos (72%) e pertencente às classes B (38%) e C (37%), com idade concentrada entre 26 e 35 anos.

Diante do cenário, a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), que representa o setor de educação particular, defende a necessidade de limites, controle e políticas públicas de conscientização sobre os riscos do vício em apostas.

Do JC (Com informações da Agência Brasil).

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